quinta-feira, 3 de junho de 2010

Crise de aloprados (Editorial)

Deu na Folha de S. Paulo

A veja levanta a bola e o RESTO da grande mídia chuta.

Alcançado o empate com o adversário tucano nas pesquisas eleitorais, a campanha de Dilma Rousseff parece experimentar uma crise interna. Que não nasce de divergências ideológicas, tampouco de discordâncias sobre a estratégia de marketing a seguir, mas da disputa por poder.

Suspeitas levantadas pela revista "Veja" acirraram o conflito, ao que tudo indica já existente, entre um grupo de petistas de São Paulo -integrantes da coordenação nacional da campanha- e Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte e coordenador da candidatura governista.

Segundo a publicação semanal, um "grupo de inteligência" foi montado por homem próximo de Pimentel. Os "espiões" petistas sob o seu comando teriam investigado a facção rival. Suspeita-se que preparassem dossiês contra o postulante do PSDB à Presidência, José Serra.

Figuras de proa da candidatura Dilma, como o ex-ministro Antônio Palocci e o deputado Rui Falcão (SP), têm usado o episódio para tentar minar o poder de Pimentel na campanha.

A arapongagem de araque -tanto quanto o fogo amigo- não é nova no mundo petista. Em 2006, uma equipe de "aloprados", como vieram a ser caracterizados pelo presidente Lula, foi flagrada com malas de dinheiro sujo numa operação para atingir a campanha tucana ao governo de São Paulo.

O tosco pragmatismo de alguns setores do PT parece não conhecer limites, como provam os sucessivos escândalos gestados nos últimos anos. Aloprados e arrivistas sintetizam o que há de pior no petismo desde sua chegada ao poder na esfera federal. Atuam à sombra e buscam conspurcar o processo eleitoral com farsas e manipulações. Desrespeitam a democracia e o eleitor, que nada têm a ganhar com a praga dos dossiês.

Até aqui, a corrida presidencial não registrou golpes baixos ou grosserias. É de esperar que prossiga assim, em termos civilizados, e se paute pelo debate de propostas para o país. Para isso, eventuais movimentações de bastidores, como as mencionadas, devem ser cortadas pela raiz -tanto de um lado, quanto de outro.

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