domingo, 13 de junho de 2010

Onda de consumo chega à reforma da casa

O 'consumo formiga' movimentou R$ 21,4 bilhões nos primeiros quatro meses do ano e já há casos de falta de tijolo e cimento em algumas regiões

Márcia De Chiara, de O Estado de S.Paulo:

Faz oito meses que o pedreiro José Tertuliano da Silva cumpre dupla jornada. Entra às 7h na obra e sai às 17h. Depois segue para Paraisópolis, na periferia de São Paulo, onde constrói a terceira laje da sua casa.

Lá, trabalha até meia-noite, dando o acabamento nos quatro cômodos. A família Silva é uma das 22 milhões de famílias que pretendem reformar ou construir casa até dezembro, revela pesquisa do instituto Data Popular.

Esse contingente equivale à soma da população de quatro países. É como se todos os argentinos, chilenos, paraguaios e uruguaios resolvessem reformar ou construir moradias até o fim deste ano, compara Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.

A enquete, que ouviu 2 mil famílias em 11 regiões metropolitanas e no Distrito Federal em março, mostra que a maioria - 90% das famílias - são das classes de menor renda (C, D e E), resultado que ganha relevância no Nordeste, beneficiado pelos programas sociais.

"Com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para materiais de construção, a maior oferta de crédito e o aumento da renda, o consumo formiga de materiais de construção vai explodir", prevê Meirelles. O consumo formiga é como são chamadas as compras de pessoas físicas para construir ou reformar a própria casa.

Nos cálculos do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, o consumo formiga hoje corresponde a 65% da receita de R$ 33,3 bilhões de janeiro a abril, ou R$ 21,4 bilhões. Já a receita total da indústria cresceu 20,3% no período em relação a 2009 e 5% ante 2008. Deve fechar o ano com alta de 15%, a maior desde o início da série, em 2004.

Um sinal dessa explosão de vendas já aparece na falta de tijolo e cimento em regiões como o Centro-Oeste. Faz três meses, por exemplo, que o depósito de cimento 13 de Maio, em Campo Grande (MS), trabalha praticamente sem estoque de tijolo e cimento, conta o gerente João Carlos Kohatsu.

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