terça-feira, 31 de agosto de 2010

A ascensão de Eduardo Campos

Enviado por luisnassif, ter, 31/08/2010 - 13:00

Do Valor

Campos reconstrói carreira sob a bênção de Lula

Murillo Camarotto, do Recife
31/08/2010

"Minha Nossa Senhora, mas eu nunca vi tanto partido junto". Em tom propositadamente jocoso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou assim os cumprimentos às muitas lideranças políticas presentes ao comício organizado para ele e Dilma Rousseff (PT) na última sexta-feira, no centro do Recife. O objetivo do comentário era agradar o anfitrião da festa, Eduardo Campos (PSB), a quem Lula chamara minutos antes de "governador reeleito de Pernambuco", antecipando o resultado das eleições que se aproximam.

Beirando os 70% das intenções de voto na disputa à reeleição, Eduardo Campos vive, aos 45 anos, o ápice de sua carreira, iniciada no final dos anos 80 à sombra do avô e três vezes governador de Pernambuco, Miguel Arraes. O desempenho nas pesquisas e o título de governador mais bem avaliado do país, revelado em julho pelo Datafolha, o colocam na vitrine nacional, de onde não pretende sair.

O Datafolha se defende

Enviado por luisnassif, ter, 31/08/2010 - 09:41

Mauro Paulino, do Datafolha, respondeu às críticas pesadas (e técnicas) que vem sofrendo dos demais institutos de pesquisa.

É uma tarefa inglória. Primeiro, pelos antecedentes. Quando a pesquisa Datafolha começou a desgarrar inexplicavelmente do histórico das demais pesquisas (inclusive as suas próprias), Paulino foi um dos principais estimuladores dos atos de represália contra os concorrentes. Foi por orientação sua que o PSDB invadiu a sede do Instituto Sensus acompanhado da polícia e de um repórter da Folha. Lá dentro, um estatístico procedeu às investigações recebendo instruções técnicas por celular.

Bastaria esse episódio para marcar Paulino e a Folha pelo resto da vida.

Mas não se ficou nisso.

O desenrolar das pesquisas demonstrou dois problemas sérios com o Datafolha:

Primiero, a fragilidade técnica de suas pesquisas. Restou comprovado que o instituto falhou fragorosamente ao optar pela pesquisa em ponto de fluxo em uma eleição em que havia enorme assimetria de informação entre os eleitores.

Ao tentar justificar a metodologia, Paulino se enreda mais ainda. Defende como melhor técnica mostrar o retrato dos eleitores no momento e não projetar o resultado final da eleição.

domingo, 29 de agosto de 2010

'O Brasil já tem um presidente', diz Montenegro, do Ibope

Presidente do Ibope admite que errou ao prever que Lula não faria o sucessor e diz que Dilma Rousseff será eleita no primeiro turno

Octávio Costa e Sérgio Pardellas, ISTOÉ

Há exatamente um ano, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não faria o sucessor, apesar da alta popularidade. Na ocasião, o responsável por um dos mais tradicionais institutos de pesquisas do País assegurava que o presidente não conseguiria transferir seu prestígio pessoal para um “poste”, como tratava a ex-ministra Dilma Rousseff.

Agora, a um mês das eleições e respaldado por números apresentados em pesquisas diárias, Montenegro faz um mea-culpa. “Errei e peço desculpas. Na vida, às vezes, você se engana”, afirmou. “O Brasil já tem uma presidente. É Dilma Rousseff.”

Nordeste dita a tendência do eleitor na sucessão 2010

As tendências costumam partir dos centros em direção à periferia. É assim no vestuário, na tecnologia, no design. O que é moda em Milão hoje, será moda em São Paulo amanhã, e em Xiririca da Serra no dia seguinte.

E na hora de votar? Onde fica o centro e quem está na periferia?

Na eleição 2010, quem dita a tendência é o Nordeste. Quando José Serra (PSDB) ainda liderava sozinho as pesquisas sobre a sucessão presidencial, os eleitores nordestinos já preferiam Dilma Rousseff (PT). À época, era comum atribuir esse comportamento ao assistencialismo do governo Lula na região.

O tamanho da vitória de Dilma

Para vocês terem uma idéia da vitória de Dilma conforme se desenha pela mais recente pesquisa de intenção de votos do Ibope aplicada na semana passada depois de 12 programas de propaganda eleitoral no rádio e na televisão::

1. Ela vence em todas as regiões do país (Sudeste, 44% a 30% de Serra; Norte/Centro-Oeste, 56% a 24%; Nordeste, 66% a 20%; Sul, 40% a 35%).

2. Ela vence nos maiores colégios eleitorais (São Paulo, 42% a 35% de Serra; Minas Gerais, 51% a 25%; e Rio de Janeiro, 57% a 16%).

3. O Estado onde Dilma vence com maior folga é Pernambuco ((71% a 17%).

As Lições das Pesquisas

De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Os estudos que o professor Marcus Figueiredo e sua equipe estão fazendo sobre as pesquisas nas eleições presidenciais deste ano são importantes por várias razões. Sediados atualmente na UERJ (depois dos problemas pelos quais passou o Iuperj, a instituição à qual estavam vinculados) formam o grupo brasileiro mais especializado no assunto, com significativas contribuições para a avaliação e o desenvolvimento das pesquisas de opinião em nossa sociedade.

Seu núcleo, o Doxa – Laboratório de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública, acompanha, desde 2008, as pesquisas publicadas sobre a evolução das intenções de voto na sucessão de Lula. A base que utilizam são os trabalhos dos quatro institutos que divulgam resultados nacionais mais frequentemente.

Os erros fatais da aposta no "poste"

Enviado por luisnassif, dom, 29/08/2010 - 07:56

Mais sábio dos estrategistas do DEM, no segundo semestre do ano passado o ex-deputado Saulo Queiroz confidenciava a jornalistas: quando Dilma começar a aparecer na campanha, estaremos perdidos. Saulo estava empenhado em demonstrar ao partido que Aécio Neves seria o único candidato competitivo. Mas pegara a fantasia da mídia de que o "poste" Dilma Rousseff jamais decolaria.

O desesperado Saulo tentava desviar o partido do Titanic que se avizinhava. Fazendo tratamento quimioterápico, com peruca para esconder a perda de cabelos, Dilma já estava saindo da toca. Imagine quando tiver os cabelos de volta, todo arrumadinhos e começar a soltar a prosa mineira com naturalidade, insistia ele, em pânico porque, na outra ponta, o que se tinha a oferecer era José Serra.

Tsunami governista

De Merval Pereira

Dada como perdida a eleição presidencial, a tentativa agora da oposição é não desmobilizar as campanhas regionais e resistir ao verdadeiro tsunami governista que vem tomando conta do país, subvertendo a geografia do voto com base na popularidade do presidente Lula.

Com a reviravolta da corrida pelo governo de Minas, com o candidato do ex-governador Aécio Neves tomando a dianteira, a oposição vai garantindo a manutenção do poder nos dois maiores colégios eleitorais do país.

sábado, 28 de agosto de 2010

Colunista do FT sugere que Serra cometa suicídio político

Brazil’s election: all over bar the voting?

por Jonathan Wheatley, no Financial Times

Faltam 40 dias para as eleições gerais do Brasil em 3 de outubro e como todos sabem, este é um longo tempo em política. Mas no dia de hoje é difícil imaginar qualquer resultado que não seja uma vitória retumbante na disputa presidencial de Dilma Rousseff, a sucessora escolhida do esquerdista PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está no poder há oito anos como o presidente mais popular da História do Brasil.

Dilma tem 24 pontos de vantagem; 12% ainda não sabem que é candidata de Lula

Dilma abre 24 pontos de vantagem sobre Serra na pesquisa Ibope

Crescimento da candidata petista foi de oito pontos porcentuais se comparado ao levantamento anterior feito pelo mesmo instituto
28 de agosto de 2010 | 0h 00

Daniel Bramatti – O Estado de S.Paulo

Após dez dias de exposição dos candidatos à Presidência no horário eleitoral, a petista Dilma Rousseff abriu 24 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra. Se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno, com 59% dos votos válidos.

Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, Dilma chegou a 51% das intenções de voto, um crescimento de oito pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior do mesmo instituto, feito às vésperas do início da propaganda eleitoral.

''Onda vermelha'' dá impulso a candidatos do presidente

José Roberto de Toledo, O Estado de S.Paulo

Cruzamentos da pesquisa Ibope mostram que a "onda vermelha" que empurra Dilma Rousseff começa a molhar os pés dos outros candidatos apoiados pelo presidente Lula. Em São Paulo, Aloizio Mercadante (PT) cresceu nove pontos e chegou a 23% das intenções de voto para governador.

Mercadante está longe de Geraldo Alckmin (PSDB), que tem 47%. Mas a comparação com a eleição de 2006 indica evolução mais rápida do petista. Há quatro anos, nessa fase da campanha, ele tinha 18%, contra 46% de José Serra (PSDB).

Não são atributos da petista que seduzem os eleitores

2 em cada 3 votos vêm da transferência de prestígio do presidente; para 54% dos entrevistados, Dilma continuará governo Lula

José Roberto de Toledo, O Estado de S.Paulo

Por que 51% dos eleitores declara voto em Dilma Rousseff (PT)? Principalmente porque, entre todos os candidatos a presidente, ela é vista como "a que tem mais condições de dar continuidade ao governo Lula". Mas não só por isso.

Segundo a maioria absoluta do eleitorado, Dilma é a melhor presidenciável para manter o poder de compra da população, assegurar o prestígio do Brasil no exterior e cuidar dos mais pobres.

O Ibope testou oito temas junto aos eleitores. Em apenas um deles, "melhorar a qualidade da saúde e dos hospitais do País", José Serra (PSDB) se equiparou à petista como o mais apto a realizar a tarefa. Nos outros sete, a petista foi apontada por mais eleitores como a mais indicada.

As mulheres e a vitória de Dilma no 1º turno

Depois da entrada do programa de televisão dos candidatos em 17 de agosto, houve uma virada no quadro eleitoral. As pesquisas passaram a apontar como horizonte provável a vitória de Dilma Rousseff no 1º turno. A base dessa transformação deu-se no “primeiro colégio eleitoral” do país, ou seja, as mulheres, que representam 52% dos eleitores.

Entre eleitores do sexo masculino, há um mês Dilma Rousseff já vinha apresentando tendência de ganhar no 1º turno (Ibope, 29 de julho), mas foi a pesquisa Datafolha de 24 de agosto que apontou a possibilidade de a candidata vencer no 1º turno, tanto pelas intenções de voto dos homens (58%) como das mulheres (52%).

A pesquisa IBOPE-Estadão

Por Roberto São Paulo-SP 2010
Dilma abre 24 pontos de vantagem sobre Serra na pesquisa Ibope Crescimento da candidata petista foi de oito pontos porcentuais se comparado ao levantamento anterior feito pelo mesmo instituto 28 de agosto de 2010 | 0h 00,Daniel Bramatti - O Estado de S.Paulo.

(http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100828/not_imp601645,0.php) Após dez dias de exposição dos candidatos à Presidência no horário eleitoral, a petista Dilma Rousseff abriu 24 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra. Se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno, com 59% dos votos válidos.

Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, Dilma chegou a 51% das intenções de voto, um crescimento de oito pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior do mesmo instituto, feito às vésperas do início da propaganda eleitoral.

Desde então, Serra passou de 32% para 27%. Marina Silva, do PV, oscilou de 8% para 7%. Somados, os adversários da petista têm 35 pontos, 16 a menos do que ela.

erformance de Dilma já se equipara à de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2006. Na época, no primeiro turno, o então candidato petista teve 59% dos votos válidos como teto nas pesquisas.

Geografia do voto. Dilma ultrapassou Serra em São Paulo (42% a 35%) e tem o dobro de votos do adversário (51% a 25%) em Minas Gerais - respectivamente primeiro e segundo maiores colégios eleitorais do País.

No Rio de Janeiro, terceiro Estado com a maior concentração de eleitores, a candidata do PT abriu nada menos do que 41 pontos de vantagem em relação ao tucano (57% a 16%).

Na divisão do eleitorado por regiões, Dilma registra a liderança mais folgada no Nordeste, onde tem mais que o triplo de votos do rival (66% a 20%%). No Sudeste, ela vence por 44% a 30%, e no Norte/Centro-Oeste, por 56% a 24%.

A Região Sul é a única em que há empate técnico: Dilma tem 40% e Serra, 35%. A margem de erro específica para a amostra de eleitores dessa região chega a cinco pontos porcentuais. Mas também entre os sulistas se verifica a tendência de crescimento da petista: ela subiu cinco pontos porcentuais na região, e o tucano caiu nove.

Ricos e pobres. A segmentação do eleitorado por renda mostra que a candidata do PT tem melhor desempenho entre os mais pobres. Dos que têm renda familiar de até um salário mínimo, 58% manifestam a intenção de votar nela, e 22% em Serra.

Na faixa de renda logo acima - de um a dois salários mínimos -, o placar é de 53% a 26%. Há um empate entre a petista (39%) e o tucano (38%) no eleitorado com renda superior a cinco salários.

Também há empate técnico entre ambos no segmento da população que cursou o ensino superior. Nas demais faixas de escolaridade, Dilma vence com 25 a 28 pontos de vantagem.

A taxa de rejeição à candidata petista oscilou dois pontos para baixo, mas se mantem praticamente a mesma desde junho, próxima dos 17%. No caso do candidato tucano, 27% afirmam que não votariam nele em nenhuma hipótese.

A disparada da candidata apoiada pelo presidente Lula disseminou a expectativa de que ela vença a eleição. Para dois terços da população, a ex-ministra tomará posse em janeiro como sucessora do atual presidente. Apenas 19% dos eleitores acham que Serra será o vitorioso.

Mulheres. Com boa parte de sua propaganda direcionada à conquista do eleitorado feminino - dando destaque à possibilidade de uma mulher assumir pela primeira vez a Presidência -, Dilma cresceu mais entre as mulheres (nove pontos) que entre os homens (cinco pontos).

Na simulação de segundo turno, a vantagem de Dilma entre as mulheres é agora praticamente a mesma que entre os homens, um fato inédito na campanha. O próprio Lula sempre teve mais votos entre os homens.

A pesquisa mostra que 57% dos eleitores já assistiram a pelo menos um programa do horário eleitoral.

Segundo o Ibope, 50% dos brasileiros preferem votar em um candidato apoiado pelo presidente, e 9% tendem a optar por um representante da oposição. Do total do eleitorado, 88% sabem que Dilma é a candidata de Lula.

O governo do presidente é considerado ótimo ou bom por 78% dos brasileiros. Outros 4% consideram a gestão Lula ruim ou péssima. .

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A oposição, pronta pra perder

Há poucas dúvidas sobre quem vai ganhar a eleição presidencial.A candidata oficial , segundo todas as pesquisas, está mais de 20 pontos na frente do principal candidato da oposição. Dificilmente perderá.

Esse é um motivo de júbilo para os que acreditam que a democracia se expressa no pensamento da maioria.E, de fato, essa é a essência da democracia- a reiteração da vontade expressa da maioria,que aprova o governo e lhe concede salvo-conduto para que ele continue executando a política que as urnas estão prontas para ratificar e consagrar.

Opção equivocada

Impressionante. Quanto mais a candidata à Presidência da República Dilma Rousseff cresce nas pesquisas, mais a campanha de oposição do candidato José Serra baixa o nível. Talvez o tucano ache que será com ataques e tentativas de plantar escândalos que conseguirá mudar os rumos da eleição. Há um grande engano nessa opção: a população quer ouvir dos candidatos o que pretendem fazer para que o Brasil siga no caminho iniciado no governo Lula.

Mas é preocupante que a campanha de Serra tenha partido para o vale-tudo eleitoral. O candidato tem levado ao seu programa eleitoral ataques desrespeitosos a Dilma, que não agregam nada em termos programáticos. Aliás, chegou a usar a imagem do presidente Lula em seu programa de TV, na tentativa de fingir que não fez oposição durante esses oito anos. Em entrevistas, tem feito ataques e dado declarações que, inclusive, não estão de acordo com sua história.

Queda de Serra até em SP preocupa tucanos

Deu em O Globo
Pesquisa do Datafolha mostra que Dilma cresceu mais e abriu vantagem de 20 pontos sobre o adversário

Gerson Camarotti, Cristiane Jungblut e Chico de Gois

O resultado da pesquisa Datafolha, divulgado ontem pela "Folha de S.Paulo" e que mostra que a petista Dilma Rousseff abriu vantagem de 20 pontos sobre o tucano José Serra, provocou um clima de desânimo na oposição. De forma reservada, a avaliação no PSDB é que, com este cenário, dificilmente haverá segundo turno.

Para tucanos, o maior pesadelo foi concretizado: Dilma ultrapassou Serra até mesmo em São Paulo, onde ele era governador até março. O sentimento generalizado no ninho tucano era de surpresa e perplexidade. E também de que, agora, só mesmo uma reviravolta na campanha poderia mudar este quadro.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Era previsível que vida de Serra seria difícil

Era previsível que vida de Serra seria difícil
Do VALOR

Maria Inês Nassif
26/08/2010

As condições de José Serra hoje são muito menos favoráveis que as de 2002

Exceto pelas eleições em São Paulo, não existiam evidências de que o candidato tucano a presidente, José Serra, tivesse se transformado num grande líder nacional, num passe de mágicas, de 2002 para 2010. O PSDB tem tradição no Estado e consolidou uma hegemonia, construída sob um discurso conservador que não tem a mesma receptividade no resto do país. Oito anos de governo Lula, a perda de poder do aliado preferencial, o DEM, no Nordeste, a ausência do PMDB na coligação e o avanço petista nas áreas de eleitorado mais pobre e menos escolarizado levavam a crer, isto sim, que o PSDB teria chances mais reduzidas de se contrapor a uma candidatura apoiada pelo presidente-metalúrgico.

Serra, paulista - nesse momento em que o voto nacional tende a ser exercido contra o Estado mais rico da Federação -, com carisma nulo e um partido desprovido de militância partidária, dificilmente teria condições de ter um desempenho melhor do que em 2002. Nas eleições em que disputou com Lula, teve 38,72% dos votos, contra 61,27% do petista, no segundo turno. No primeiro turno, obteve apenas 23,2% dos votos - o então candidato do PSB, Anthony Garotinho, quase um franco-atirador, conseguiu 17,87% dos votos; Ciro Gomes, então no PPS, chegou no final da disputa do primeiro turno com 11,97%.

Serra e a História

Do Blog  Noblat

Ora, se a oposição nos últimos oito anos não quis se opôr ao governo Lula - ou se opôs mal; se seu candidato a presidente da República, José Serra, esconde o que o PSDB fez de bom no governo Fernando Henrique Cardoso e insiste em fingir que o candidato da continuidade é ele, e não Dilma; respondam-me: por que o eleitor deveria votar contra o governo que aí está? Um governo tão bem avaliado por ele, eleitor, e pela própria oposição?

Estamos de acordo: foi a força de Lula que empurrou Dilma rampa do Palácio do Planalto acima. Mas alto lá. Não foi somente a força dele. A oposição também empurrou Dilma quando renunciou a desempenhar seu papel.

O desastre da candidatura Serra deve ser debitada em grande parte na conta da oposição. Ela colhe o que plantou com tanto esforço.

Naturalmente, Serra deu sua contribuição preciosa para o desastre.

No dia 14 de janeirio último, em entrevista à Christiane Samarco, de O Estado de S. Paulo, por exemplo, Serra afirmou:

- Candidato a presidente não é líder da oposição. (...) Vou apontar para o futuro. Não vou ficar tomando conta do governo Lula.

Ninguém tomou conta.

Deu no que deu.

De onde Serra tirou essa de que candidato a presidente por um partido de oposição não é o líder da oposição? É o quê?

A campanha eleitoral começou em julho passado com os aliados de Serra ainda pedindo votos para ele. Em seguida, os pedidos escassearam. Em seguida, o nome de Serra praticamente sumiu da propaganda deles.

A próxima fase: os aliados pedirão a Serra para que evite visitá-los em seus Estados.

Serra poderia passar à História como o líder da oposição derrotado duas vezes pelo maior mito político da política brasileira do final do século XX e inícío do seguinte - Lula.

Mas não. Passará à História apenas como um político derrotado.

Só acaba quando termina

Quando Dilma Rousseff (PT) patinava lá atrás nas pesquisas, eu dizia que o candidato favorito não liderava. E que, na hora em que a campanha começasse de verdade, haveria uma reviravolta. Muitos achavam que era impossível que Dilma, uma completa desconhecida, pudesse bater José Serra (PSDB), cuja popularidade ultrapassava os 40%.

O tempo mostrou que nossas expectativas estavam certas. Na segunda semana de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, a campanha de Serra periga entrar em colapso e virar um “salve-se quem puder”. O noticiário tem exibido exemplos de desencontros dentro do PSDB .

Vale a pena tentar saber por que a campanha de Serra vai tão mal e pode naufragar de forma inapelável. Vamos listar algumas hipóteses.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Análise: Oposição "café-com-leite"!

Carlos Melo*
Especial para o UOL Eleições
Em São Paulo

O presidente Lula, o PT e seus aliados, assim como qualquer partido político, têm objetivos projetados no longo prazo; perpétuos até, se possível; se deixarem. Sua conservação e seu alargamento são da lógica do poder. Estranho seria abrir mão do poder “apenas” porque a “alternância” é essencialmente boa. Sim, é. Mas o poder, como a liberdade, não pode ser dado; só se obtém de verdade quando se conquista!

Foi Sérgio Motta, o ex-ministro das Comunicações de FHC, amigo do presidente e expressiva liderança dos tucanos, quem logo após a eleição de Fernando Henrique falou em um projeto de 20 anos de poder, com base na aliança PSDB-PFL. Vários dos críticos de hoje brindavam àquela perspectiva e quase se deu assim. A oposição representada pelo PT por pouco não foi ao pó. Em inúmeras ocasiões falou sozinha; até apitaço fez no Congresso para chamar atenção.

No Parlamento, a maioria PSDB-PFL reinava absoluta, aprovava o que bem entendida e se não aprovava tudo o que pretendia não era por força da oposição, mas por inépcia ou impossibilidade de condução da base governista. Por sinal, razão de muitos dos problemas se repetirem ainda hoje. A reforma da Previdência, por exemplo, deixou de ser aprovada por um único voto –um deputado do PSDB teria se “confundido” no apertar dos botões.

As diferenças para hoje, no entanto, estão mais nas circunstâncias e na habilidade dos atores do que na natureza do poder. Ao contrário do PSDB de hoje, não faltou à oposição de ontem a “convicção oposicionista”. Mesmo que não fosse para benefício do país, não vacilou; possuía raízes em movimentos sociais –mais ou menos corporativos, é verdade– que lhe serviam de amparo, estímulo e coerção. Ostentava também um líder, um símbolo de todas as horas: Lula.

A oposição de hoje se fiou em setores médios urbanos que simplesmente ojerizam ou, na melhor das hipóteses, ignoram a política. Distanciada da “res pública”, essa parcela da sociedade se afastou da polis. Além disso, os tucanos perderam seu centro diretivo quando Mário Covas se foi. Covas era um líder turrão, teimoso, cheio de princípios e convicções, mas um líder.

De sua morte –e com o término do mandato de FHC–, a oposição não mais encontrou coesão em torno de uma liderança. Sabe-se lá por que, mas pelo menos desde 2002, José Serra tem sido hostilizado pelas bases a que deveria liderar e que deveriam lhe dar apoio e legitimidade.

Outro ponto: morto o fantasma do risco-PT e aplainado o risco-país, no país do “investment grade” tudo foi alegria e despreocupação. A oposição não soube como se portar nesse ambiente. Preferiu duvidar da natureza e das qualidades de Lula. Acreditou que o presidente seria essencialmente incapaz; que não governaria; que não conseguiria aplacar os conflitos, idiossincrasias e vaidades ao seu redor; “analfabeto, tosco e despreparado”, seria manietado pelo PT. Preconceito não apenas cega como emburrece.

Tudo foi atribuído à sua “sorte” ou à herança bendita de FHC: “Lula só deu continuidade ao que FHC fez!” Imaginou-se que lhe faltaria consciência, ponderação e racionalidade para fazer a travessia da estabilidade econômica para a distribuição de renda e daí para o desenvolvimento. Mais fácil pensar assim. Diz uma antiga máxima que “não há nada melhor do que ser subestimado pelo inimigo”. Foi o que aconteceu. Enternecido, hoje Lula agradece.

O fato é que a oposição ajudou muito, não por colaborativa, mas por incapacidade de compreender a realidade, de agir, de articular setores políticos, sociais e econômicos; admitir os problemas do sistema político; exigir reformas pelo menos neste campo. Não precisaria ser o “PT de ontem” –nem faz seu estilo– mas, mostrar “como” e “porque” o “Brasil pode mais”; gritar que o Brasil “precisa de mais”. Preferiu, no entanto, adular Lula e esconder FHC. Inês fez-se morta e, agora, talvez Inês esteja morta de verdade.

Nada a ver com São Paulo e Minas, “Serra & Aécio”, “chapa dos sonhos”, coisas assim. Mas, depois da “política do café-com-leite”, só nos faltava a “oposição café-com-leite”. Os “grandes” nunca deixarão os pequenos pegar a bola; por que as regras do poder seriam aplicadas de modo mais brando à oposição do PSDB? A política é dura. A “oposição que não soube a ser” terá que crescer; aprender a jogar e a se impor. É do jogo e da vida. Qualquer criança aprende.

*Carlos Melo é cientista político, doutor pela PUC-SP, professor de Sociologia e Política do Insper e autor de “Collor, o ator e suas circunstâncias”

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Hora de pensar na democracia

Mauro Malin

Observatório na TV mostrou em 18 de agosto mais um episódio do confronto aberto entre as Organizações Globo e o Grupo Folha. Nesta história, infelizmente, não há heróis, nem santos, nem mocinhos. Mas a Folha - "hipócrita e farisaicamente", como pretende Evandro Carlos de Andrade, diretor de jornalismo da TV Globo, ou não - levanta a questão crucial: a democracia está ameaçada.

E não está ameaçada apenas pelo virtual monopólio de TV aberta exercido pela Rede Globo, como disse Otavio Frias Filho, diretor da Folha, no programa da TV Educativa. Está ameaçada em boa medida porque a mídia, instrumento indispensável ao exercício da democracia, é despreparada.

Existe um confronto muito maior do que Globo X Folha: é o confronto da imprensa como um todo com as exigências atuais do processo político em regime democrático. Decorre de sua perda de representatividade no terreno da cidadania e de sua incapacidade de exercer um papel político democratizador - incapacidade de irrigar um terreno legal e legítimo para o reconhecimento, a discussão e a resolução dos conflitos.

Não é só no Brasil, mas é grave no Brasil, cujas instituições são cronicamente frágeis e onde qualquer tentativa de chamar os meios de comunicação à razão é exorcizada como proposta de censura (notar que existem razões, sim, para suspeitar de velhos e novos pendores autoritários).

Ameaças

Nossa desnorteada imprensa enfrenta hoje ameaças sérias à continuidade do processo político em regime democrático. Eis algumas das mais evidentes.

Primeira. Será muito difícil que os meios de comunicação brasileiros, com sua legitimidade arranhada por reiteradas demonstrações de falta de lisura política, desprovidos da fibra para se colocar como instituições da democracia, consigam enfrentar a avalanche de baixarias que se anuncia na campanha eleitoral. Uma mídia firme e consciente poderia mobilizar a opinião pública para reagir às apelações e conter os ensandecidos. Mas estamos longe disso.

No terreno propriamente político, o PT ensaia denunciar o processo como fraude. Que a oposição é vítima das preferências da mídia pela situação, só não vê quem não quer, e é bom que os prejudicados esperneiem. Mas daí a impugnar todo o processo vai uma senhora distância. Brizola, experiente, já pensa no passo subseqüente, cujo simples anúncio, se fosse acatado, contaminaria retrospectivamente todo o processo: uma contestação aos resultados, porque o voto eletrônico "é virtual, muito difícil de conferir".

Segunda ameaça. O MST, cujo programa de ação não se enquadra nos chamados marcos constitucionais vigentes, poderá abandonar em breve o low profile para o qual resolveu recuar. Voltou à baila o julgamento de José Rainha num processo em que é acusado por homicídio. A imprensa não consegue tratar as ações do MST sem ser por elas manipulada ao procurar manipulá-las.

Terceira ameaça. O quadro econômico complica-se a cada semana. Bolsas asiáticas, Japão, Rússia: as crises se encadeiam. Não há crescimento econômico nos centros onde se forma a opinião pública nacional, mas desemprego, violência e medo. Na melhor das hipóteses (e vamos torcer ardorosamente por ela), agüentar o tranco exigirá do governo a imposição de novos sacrifícios, para os quais o povo não está preparado. A imprensa tem recuado de seu papel "cívico" nesse campo em benefício de uma politização cada vez mais selvagem das manchetes sobre economia.

Deslocamento

Não quer dizer que estejamos às vésperas de um golpe de Estado. Mas a política nacional desloca-se progressivamente para um curso autoritário – onde até agora só se enxergava vigência das franquias democráticas. Confrontado com os padrões históricos do país, o baixo interesse em participar do processo eleitoral – cada vez mais patente até nas fileiras do PT - reflete uma deterioração indisfarçável.

É emblemática a seguinte frase da propaganda eleitoral:

"Paulo Maluf não é nenhum santo, mas faz. E não é isto que é importante?"

E no slogan-réplica de um ex-governador: "Quércia faz mais que os outros".

O papel dos meios de comunicação na democracia, em condições normais de temperatura e pressão, é contrapor-se às tendências antidemocráticas. Mas no momento a imprensa nem sabe direito se ainda é o que deveria ter sido – empresa de jornalismo – ou se já é o que pretende ser, um híbrido de vendedora de informações, operadora de telecomunicações, produtora de entretenimento, metida eventualmente em outros negócios.

Na consideração da herança que as atuais gerações vão deixar, o mais importante são as instituições e os valores morais que agregam o povo. A última ditadura foi o caldo de cultura do despreparo atual do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, da mídia e do eleitor. No ambiente de 64 decolaram as carreiras - em campos opostos – dos dois ex-governadores paulistas que "fazem". Assim como as do Lula que não queria ser candidato em 1998, do presidente Fernando Henrique que não mede as conseqüências de seu esforço continuísta - e de quase cem por cento dos donos de veículos de comunicação e dos jornalistas que, no comando das redações, mostram-se agora incapazes de questionar a natureza das tarefas que lhes são atribuídas e resistir ao papel que lhes é destinado.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Marcos Coimbra: Dilma terá 56% dos votos válidos em 3 de outubro

Estimativas para 3 de outubro
Marcos Coimbra 23 de agosto de 2010 às 11:33h
Na CartaCapital

Do jeito como vão, as eleições presidenciais não devem nos reservar surpresas de reta final. Ao contrário. Salvo algo inusitado, elas logo adquirirão suas feições definitivas, talvez antes que cheguemos ao cabo da primeira quinzena de veiculação da propaganda eleitoral na tevê e no rádio.

Por várias razões, a provável vitória de Dilma Rousseff- em 3 de outubro será saudada como um resultado extraordinário. Ao que tudo indica, ela alcançará uma coisa que Lula não conseguiu nem quando disputou sua reeleição: vencer no primeiro turno. Não que levar a melhor dessa maneira seja fundamental, pois o próprio Lula mostrou ser possível ganhar apenas no segundo e se tornar o presidente mais querido de nossa história.

É preciso lembrar que Lula não a obteve em 2006 por pouco, apesar de sua imagem ainda sangrar com as feridas abertas pelo mensalão. Ele havia chegado aos últimos dias daquele setembro com vantagem suficiente para resolver tudo ali mesmo e só a perdeu quando sofreu um ataque sem precedentes de nossa “grande imprensa”.

Aproveitando-se do episódio dos “aloprados”, fazendo um carnaval de sua ausência no debate na Globo, ela balançou um eleitorado ainda traumatizado pelas denúncias de 2005. Lula deixou de vencer em 1º de outubro, o que, no fim das contas, terminou sendo ótimo para ele. No segundo turno, a vasta maioria da população concluiu o processo de sua absolvição, abrindo caminho para o que vimos de 2007 em diante: ele nunca mais caiu na aprovação popular e passou a bater um recorde de popularidade atrás de outro.

Com as pesquisas de agora, é difícil estimar com precisão quanto Dilma Rousseff poderá ter no voto válido. Não é impossível que alcance os 60% que Lula fez, no segundo turno, na última eleição. E ninguém estranharia se ela ultrapassasse os 54% que Fernando Henrique obteve em 1994, com o Plano Real e tudo.

Para fazer essas contas, é preciso levar em consideração diversos fatores. Um é quanto Marina Silva poderá alcançar, a partir dos cerca de 8% que tem hoje. Há quem imagine que ela ainda cresça, apesar do mísero tempo de televisão de que disporá. Com uma única inserção em horário nobre por semana e um tempo de programa praticamente idêntico ao dos candidatos pequenos, não é uma perspectiva fácil.

O segundo fator é o desempenho dos candidatos dos partidos menores, dos quais o mais relevante é Plínio de Arruda Sampaio. Muito mais que seus congêneres de extrema esquerda, ele pode se transformar em opção para a parcela de eleitores que vota de forma mais ideo-lógica ou que apenas quer expressar seu “protesto”. Embora as pesquisas a respeito desse tipo de eleitor não sejam conclusivas, isso pode, talvez, ocorrer em detrimento de Marina: à medida que Plínio subir, ela encolherá. O que não afetaria, portanto, o tamanho do eleitorado que não votará em Dilma ou Serra.

Para, então, projetar o tamanho da possível vitória de Dilma, o relevante é saber o piso de Serra. Se ele cairá, considerando seu patamar atual, próximo a 30%.

Só o mais otimista de seus partidários acredita (de verdade) que a presença de Lula na televisão será inútil para Dilma e que seu apelo direto ao eleitor não produzirá qualquer efeito. Ou seja, ninguém acredita que ela tenha já atingido seu teto, com os 45% que tem hoje.

O voto em Serra tem, no entanto, três fundamentos, todos, aparentemente, sólidos:

1. É um político respeitado no maior estado da federação, que governou, até outro dia, com larga aprovação.

2. Representa o eleitorado antipetista, aquele que pode até tolerar Lula, mas que nunca votou e nunca votará no PT.

3. Tem uma imagem nacional positiva, conquistada ao longo da vida e, especialmente, quando foi ministro da Saúde. De São Paulo deve sair com 45% dos votos, o que equivale a 10% do País. O antipetismo lhe dá mais cerca de 10% e a admiração por sua biografia no restante do eleitorado, outro tanto (tudo em números redondos).

Se essas contas estiverem corretas, Serra teria pouco a perder nas próximas semanas. Em outras palavras, já estaria, agora, perto de seu mínimo.

Fica simples calcular o resultado que, hoje, parece mais provável para 3 de outubro: Serra, 30%; Marina e os pequenos, 10%; brancos e nulos, entre 8% e 10% (considerando o que foram em 2006 e 2002, depois da universalização da urna eletrônica); Dilma, entre 50% e um pouco menos que 55%. Nos válidos: Marina (e os pequenos) 11%, Serra 33%, Dilma 56%.

Talvez seja arriscado fazer essas especulações. Talvez não, considerando quão previsível está sendo esta eleição.

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense.

Onda Dilma vem de longe

Do blog de Jose Roberto de Toledo

“A propaganda eleitoral começou na TV e fez Dilma Rousseff (PT) disparar nas pesquisas”. Nada mais factual, simples e equivocado. Em eleições, como em todo o resto, não há causa única para consequências avassaladoras.

A entrada da TV no processo eleitoral é a gota d’água que transborda o copo, o grão de areia que provoca uma avalanche, o último tapinha no fundo da garrafa que faz esparramar o catchup. Não houvessem as condições necessárias, um estado crítico, não haveria a onda Dilma.

O jornalismo de qualidade

Enviado por luisnassif, seg, 23/08/2010 - 09:49

Na reunião da ANJ, bateu-se muito no bordão do "jornalismo de qualidade" (a dos jornalões) versus o jornalismo sem qualidade (dos blogs).

Sugiro ler os jornais de hoje, Folha, Estadão e Valor. Confira os temas que estão sendo tratados, agora:

1. No Estadão, análise das pesquisas eleitorais e a conclusão de que a onda Dilma não surgiu pós-campanha de TV mas vem desde dezembro. Até a semana passada, só os blogs traziam essa constatação - desde dezembro.

2. A falta de competitividade da candidatura Serra. Só agora caiu a ficha. Há mais de um ano, a turma daqui já analisava com objetividade esse quadro.

3. A reorganização partidária. Análises saindo só agora - na Folha e no Valor - sobre temas e análises que nossa turma vem discutindo há pelos menos quatro meses.

4. A nova era da democracia de massa, reeditando o modelo norte-americano do século 19. Belo artigo de Luiz Werneck Vianna, no Valor. Por aqui, essa discussão já rola há meses.

Os que mataram o PSDB

Enviado por luisnassif, seg, 23/08/2010 - 09:11

Bom, desde 2006 alertei para esse processo sistemático de desmonte da legenda. Inúmeras vezes mostrando o suicídio a que o partido estava sendo levado por conta do ego de FHC. E a fraqueza de José Serra para inverter esse jogo, perder a eleição, mas preservando a dignidade política e o partido.

A velha mídia, que teve papel decisivo nesse fator Jim Jones, agora abre espaço para avaliações isentas. Tarde demais.

Da Folha

VLADIMIR SAFATLE

O colapso do PSDB

O caráter errático da campanha é o último capítulo da dissolução ideológica do partido

HÁ ALGO de melancólico na trajetória do PSDB. Talvez aqueles que, como eu, votaram no partido em seu início, lembrem do momento em que a então deputada conservadora Sandra Cavalcanti teve seu pedido de filiação negado. Motivo: divergência ideológica.

De fato, o PSDB nasceu, entre outras coisas, de uma tentativa de clarificação ideológica de uma parcela de históricos do MDB mais afeitos às temáticas da socialdemocracia européia.

Basta lembrarmos dos votos e discussões de um de seus líderes, Mario Covas, na constituinte. Boa parte deles iam na direção do fortalecimento dos sindicatos e da capacidade gerencial do Estado. Uma perspectiva contra a qual seu próprio partido voltou-se anos depois.

A nova derrota da grande mídia

Do blog Balaio do Kostcho

A se confirmarem as previsões de todos os principais institutos de pesquisa apontando a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições presidenciais, não serão apenas o candidato José Serra e sua aliança demotucana de oposição os grandes derrotados. Perdem também, mais uma vez, os barões da grande mídia brasileira.

Foram-se os tempos em que eles faziam ou derrubavam presidentes e se julgavam os verdadeiros donos do poder, os formadores de opinião, os únicos proprietários da verdade. Durante os últimos oito anos, desde a primeira eleição de Lula, não fizeram outra coisa a não ser mostrar em suas capas e manchetes um país desgovernado, sempre à beira do abismo.

Em cada estatística divulgada, procuravam destacar sempre o lado negativo, sem se dar conta de que a vida dos brasileiros estava melhorando em todas as áreas, e os cidadãos eleitores percebiam isso.

Tucanos agora buscam culpados

Do blog Balaio do Kostcho

Antes mesmo da divulgação do novo Datafolha na noite [da última] sexta-feira, com a disparada de Dilma abrindo 17 pontos de vantagem sobre Serra (47 a 30), os tucanos já tinham começado a temporada de caça aos culpados pelo desastre.

Como já tinha acontecido nas derrotas de 2002 e 2006, a aliança demotucana (PSDB-DEM-PPS-PTB) está se desmilinguindo, cada um colocando a culpa no outro e todos responsabilizando o candidato, que está sendo largado pelo caminho faltando ainda seis semanas para o primeiro turno das eleições de 2010.

O colapso na campanha de Serra ficou evidente esta semana quando resolveu adotar a esquisofrênica estratégia de atacar Dilma e o governo durante o dia e mostrar imagens do presidente Lula ao lado do ex-governador paulista à noite. O tucano conseguiu a proeza de não ser candidato nem da situação nem da oposição, muito ao contrário.

Tamanha lambança não pode ter apenas um culpado. Só pode ser resultado do conjunto da obra _ da absoluta falta de unidade na aliança, da falta de um projeto político, da escolha de um vice desconhecido e desastrado, da indigência dos discursos e das propostas do candidato, do cheiro de mofo do programa de televisão.

O que aconteceu? Apenas um mês atrás, o Datafolha de 20-23 de julho ainda anunciava um empate técnico (37 a 36 para Serra), alimentando as esperanças de uma campanha que já vinha fazendo água, como apontavam os outros institutos de pesquisas.

Não aconteceu nada de importante para justificar esta violenta inversão da curva do Datafolha. Como era de se esperar, o diretor do instituto, Mauro Paulino, colocou a culpa no horário eleitoral que entrou no ar esta semana.

“Palco da TV explica disparada de Dilma”, diz a manchete da Folha sobre a nova pesquisa. Se é só isso, me desculpem, mas não dá para entender. Foram ao ar até agora apenas dois programas dos candidatos à presidência da República, na terça e na quinta, justamente quando os pesquisadores do Datafolha já estavam nas ruas entrevistando os eleitores.

Ao esconder sua principal liderança, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e tentar, já no despespero, ligar sua imagem à de Lula, Serra comete o desatino de não só não tirar votos de Dilma como o de perder aqueles dos tucanos mais fiéis.

Na marcha batida para o abismo, o candidato da oposição sofre mais com o fogo amigo do que nos embates com sua principal adversária. Se nem o presidente do PSDB, o pernambucano Sergio Guerra, quis usar a imagem do candidato tucano em sua campanha para deputado federal, que tipo de fidelidade se poderia esperar dos outros? Serra escondeu FHC e os candidatos da aliança demotucana esconderam Serra.

É verdade que o programa de Dilma, comandado por João Santana, dá de 10 a 0 no programa de Serra, sob a responsabilidade de Luiz Gonzalez, tanto na forma como no conteúdo, mas isso é muito pouco para explicar uma diferença tão grande entre uma pesquisa e outra no espaço de apenas quatro semanas.

O que tenho escrito aqui, desde o início da atual campanha eleitoral, não é muito diferente do que leio em colunas e blogs não engajados, que procuram lidar apenas com os fatos, não com os desejos. Depois de alguns atropelos no início, como registrei aqui, a campanha de Dilma se aprumou, botou ordem no comando, no discurso e na agenda, enquanto a de Serra se desmanchava no ar.

Não é preciso ser nenhum gênio da política para constatar que, a esta altura do campeonato, como o próprio Datafolha já admite, a eleição poderá ser decidida no primeiro turno. A tendência natural é Dilma subir e Serra cair cada vez mais até o dia 3 de outubro, por mais que alguns coleguinhas não se conformem com isso e ainda se esforcem para negar o óbvio.

Encontrar os culpados por esta situação adversa parece ser agora a única ocupação dos apoiadores de uma campanha sem rumo, que pode jogar a oposição numa crise sem precedentes. Já se sabia que seria difícil derrotar uma candidatura, qualquer que fosse, apoiada pelo presidente Lula, com seus quase 80% de aprovação popular, mas ninguém poderia prever que a corrida eleitoral se transformasse neste passeio sem muitas emoções.

Há muitas formas de se ganhar ou perder uma eleição. Serra escolheu a pior.

O pós-Serra, do candidato que virou pó

Enviado por luisnassif, seg, 23/08/2010 - 09:44

Da Folha

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Pós-Serra SÃO PAULO - Nos últimos oito anos, José Serra foi o líder da oposição no país. A afirmação soa um pouco estranha. Talvez porque Serra não tenha sido nem propriamente um líder nem exatamente de oposição. O figurino do anti-Lula não lhe cai bem. Sua liderança tampouco foi incontrastável nesse período.

Em 2002, boicotado internamente, perdeu para Lula. Em 2006, apesar do mensalão, desistiu na última hora de disputar o Planalto, transferindo a Alckmin a tarefa solitária de amargar uma nova derrota. Em 2010, governador, voltou a submeter o partido ao seu roteiro. Não deu a Aécio a chance das prévias. Mas ficou sem o mineiro como vice.

A combinação das qualidades e dos defeitos de Serra desenha com grande nitidez os limites do que ele é e pode ser como político. De certa maneira, Serra é melhor e pior do que ele mesmo. A se confirmar o naufrágio anunciado da sua candidatura, deve-se perguntar -e agora, o que será da oposição?

Da forma com que se insinua a vitória de Dilma, deixa de ser evidente que a política continuará a se organizar segundo o padrão das últimas quatro eleições. A polarização entre PT e PSDB pode estar conhecendo o seu último capítulo.

Em parte, o futuro da oposição depende do desempenho do candidato de Aécio em Minas. Se Anastasia vencer, Aécio será o herdeiro da massa falida do PSDB. Caso contrário, sairá das urnas como senador, mas muito enfraquecido.

Vitoriosos, sobrarão apenas Alckmin e, provavelmente, Beto Richa no Paraná. É um quadro jovem e em ascensão, mas seu Estado pesa pouco politicamente.

Diante do rolo compressor governista país afora e no Congresso, o cenário que se desenha para o PSDB pós-Serra pode ser de ruína. Lembra um pouco aquele personagem de Paulo Emílio Salles Gomes, que olhava para trás e dizia: "Meus sonhos juvenis de suprema elegância, poder e cultura tinham se reduzido a um nível bem paulista". Pensando bem, talvez nem isso.

Centrais: proposta ao Ministério Público do Trabalho sobre custeio sindical

Agência Diap

Dom, 22 de Agosto de 2010 19:34
No dia 10 de agosto, as centrais sindicais entregaram ao procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, Otávio Brito Lopes, propostas orientadas ao aperfeiçoamento da liberdade e da autonomia sindical no País.

Estas propostas deverão nortear as negociações do movimento sindical com o Ministério Público do Trabalho no tocante a compreensão de temas que visem erradicar práticas e condutas antissindicais.

Entre os temas estão: o custeio das entidades sindicais; a utilização do interdito proibitório no movimento de greves; prática de atos atentatórios à atividade sindical e, a organização dos trabalhadores nas empresas.

O Ministério Público do Trabalho/Procuradoria-Geral do Trabalho distribuiu orientações em relação a Contribuição Assistencial, aprovadas na 2ª Reunião Nacional da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical, documento que não foi negociado com o movimento sindical.

A íntegra da proposta das centrais é a seguinte:

Considerando que o Grupo de Trabalho, instituído pela Portaria PGT/MPT 78, de 5.02.2010, é o resultado da reunião das centrais sindicais acima qualificadas e a Procuradoria Geral do Trabalho;

Considerando que o Grupo de Trabalho, apesar do propósito inicial em estabelecer critérios uniformes que envolvam o custeio do Sistema Sindical, ao longo do processo de negociação, as Centrais Sindicais unificaram o entendimento que devido à importância do assunto debatido, não comporta apenas o critério de custeio, mas também a representação sindical nos locais de trabalho, ação conjunta contra os interditos proibitórios, estabilidade dos dirigentes sindicais e práticas antissindicais;

Considerando a natureza deste Grupo de Trabalho e seus possíveis efeitos ou desdobramentos, as centrais mantêm a queixa formulada na Organização Internacional do Trabalho, autuada sob o número 2.739 e já em tramitação, sem qualquer efeito de modificação ou renúncia;

Considerando que ainda não estão envolvidos no debate o Judiciário e o Executivo, poderes que se articulam em diversas ações relacionadas ao objeto do presente GT;

As centrais sindicais alvitram e unificam o entendimento:

Considerações iniciais
As centrais sindicais entendem que o Ministério do Trabalho e Emprego e o Tribunal Superior do Trabalho devem participar das discussões do Grupo de Trabalho, objetivando ampliar o rol de temas a serem debatidos e equacionados.

De outro lado é importante salientar que mesmo no âmbito do MPT há necessidade de se estabelecer com maior clareza a natureza do Grupo de Trabalho, buscando levantar, para fins de avaliação e reflexão, o numero de procedimentos investigatórios em curso e de ações civil publicas ajuizadas e em tramitação que envolva os temas postos em pauta para a discussão do GT.

Custeio das entidades sindicais
As centrais sindicais consignam o entendimento de que a interpretação acerca da dotação do custeio das entidades sindicais deve ser àquela prevista nos julgados do Comitê de Liberdade Sindical da Organização Internacional do Trabalho, cujos princípios são pautados pela autoregulamentação e autonomia. O que não sugere desregramento e legalização da má-fé do processo de negociação coletiva (artigo 422, do Código Civil).

As centrais sindicais consideram o respeito à decisão da assembléia geral, órgão máximo e deliberativo dos trabalhadores, como princípio básico para o custeio das entidades sindicais.

Por outro lado, sugerem que o instrumento contenha menção expressa sobre o que as Centrais Sindicais consideram e que é necessária a existência de um "teto" contributivo razoável.

As centrais sindicais lembram a tempo aos interessados que qualquer vinculação contratual das entidades de trabalhadores, aos olhos da OIT, pode se revelar um atentado á liberdade sindical e ao artigo 7º, XXVI, da Constituição Federal.

O sistema de custeio deverá ser aprovado em Assembléia Geral, que será precedida de ampla divulgação no âmbito da representatividade, convocado os trabalhadores sócios e não sócios, que poderão exercer o direito de oposição nessa oportunidade.

O custeio pressupõe a realização do processo de negociação coletiva, independentemente do resultado. O desconto e o repasse deverão ser procedidos pelas empresas, sob pena de configurar descumprimento de obrigação de fazer ou, conforme o caso, o crime de apropriação indébita.

Utilização do interdito proibitório nos movimentos de greve
A greve é direito universal e fundamental dos trabalhadores.

A legitimidade para instaurar inquérito na hipótese de ocorrer ilícito em paralisações é do Ministério Público, que deve exercê-lo, logo, faz-se necessário substituir a aberração da Ação Possessória - Interdito Proibitório - para obstruir movimento de greve - pela aplicação da própria lei de greve (Lei 7.783/89), que em seu artigo 15 regulamenta:

"A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal".

Parágrafo único. Deverá o Ministério Publico, de oficio, requisitar a abertura do competente inquérito e oferecer denúncia quando houver indicio de prática de delito".

Estabilidade dos dirigentes sindicais
Proteção contra dispensa arbitrária a partir do registro da candidatura e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, de acordo com o estatuto de cada entidade.

O número de dirigentes sindicais deverá considerar os critérios dos estatutos sociais de cada entidade sindical e, especialmente, ser ratificado em norma coletiva.

Prática de atos atentatórios à atividade sindical
Estabelecer um procedimento padrão para que as entidades sindicais apresentem ao Ministério Publico os atos atentatórios à atividade sindical e o compromisso da instauração do inquérito civil e penal.

Configura conduta anti-sindical todo e qualquer ato do empregador que tenha por objetivo impedir ou limitar a liberdade ou a atividade sindical, consoante o seguinte rol não exaustivo:

"subordinar a admissão ou a preservação do emprego ao desligamento de uma entidade sindical;

"despedir ou discriminar trabalhador em razão de sua filiação a sindicato, participação em greve ou em assembléias, atuação em entidade sindical ou em representação sindical nos locais de trabalho;

"desrespeitar a estabilidade de dirigentes eleitos para mandato sindical;

"interferir nas organizações sindicais de trabalhadores;

"recusar-se à negociação coletiva ou a utilizar-se de meios que impeçam a realização do processo negocial.

Organização dos trabalhadores nas empresas
Estabelecer um procedimento uniforme para a aplicação da regra constitucional em "Acordo ou Convenção Coletiva" de critérios que garantam a representação dos trabalhadores nas empresas, inclusive para aquelas que possuam menos que 200 empregados, estabelecendo-se em qualquer caso, como critério essencial, a estabilidade do representante e de seu suplente.

O Ministério Público Trabalho e as centrais sindicais atuarão de forma conjunta com o escopo de dar cumprimento ao disposto no artigo 11 da Constituição Federal, bem como as previsões sobre o tema constantes em normas coletivas.

Conclusão
O debate desses temas terá prosseguimento com o Ministério Publico do Trabalho, fazendo gestões em conjunto para agendar "debate" ou "encontro" com os ministros do Tribunal Superior do Trabalho e com o Ministério do Trabalho e Emprego, objetivando ampliar a discussão e possibilidade de procedimento futuro.

No âmbito de articulação e autonomia das entidades que participam do GT, há a necessidade de se aprofundar esses temas com o fim de se construir guias de boas práticas sindicais nos moldes recomendado pela OIT, preservando-se a autonomia sindical e conferindo à liberdade sindical o status constitucional que ela adquiriu.

São Paulo, 10 de agosto de 2010.

Antonio Fernandes Neto
CENTRAL GERAL DOS TRABALHADORES DO BRASIL

Wagner Gomes
CENTRAL DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL

Arthur Henrique da Silva Santos
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES

Miguel Eduardo Torres
FORÇA SINDICAL

José Calixto Ramos
NOVA CENTRAL DOS TRABALHADORES DO BRASIL

Ricardo Patah
UNIÃO GERAL DOS TRABALHADORES

Serra: a busca de culpados

Enviado por luisnassif, seg, 23/08/2010 - 06:40

Por Fernando Augusto Botelho ...
DO CONGRESSO EM FOCO

Serra despenca, e o culpado é o programa de TV

Nos bastidores da campanha, críticas recaem sobre o marqueteiro Luiz González. Os que reclamam acham que o candidato tucano tem que ser mais agressivo não só contra Dilma, mas também para cima do próprio Lula

Rudolfo Lago

No início da tarde da quarta-feira (18), no teatro TUCA, em São Paulo, logo depois do final do debate UOL/Folha de São Paulo com os candidatos à Presidência, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), esquivava-se com um sorriso educado de perguntas sobre dois temas. O primeiro: por que ele, vestido com uma jaqueta de couro preta e uma camisa esportiva rosa, era o único político ali que não estava de paletó e gravata? O que tinha achado do programa eleitoral de Serra, iniciado um dia antes, com referências ao presidente Lula e o candidato chamado de "Zé", em frente a uma favela de mentira, desenhada virtualmente?

À primeira pergunta, ele explicava que tinha ido para São Paulo participar de reuniões com a cúpula da campanha de Serra que foram se estendendo além do previsto. Resultado: não tinha mais camisas sociais limpas. Para a segunda, a esquivada era total: "Não vi o programa. Ficou ruim essa favela, é? Vamos ter que ver".

Pai Nosso

Fonte: Blog do Noblat

E no sétimo dia, Lula descansou em São Bernardo. E relembrando fatos recentes concluiu que foram muito bons para Dilma, a Mãe do Brasil.

No prazo de uma semana, ela saltou em pesquisas do Datafolha de oito pontos de vantagem sobre José Serra para 17. A essa altura, a vantagem passou dos 20 pontos, segundo anunciará o Ibope hoje ou amanhã. E também o Instituto Sensus.

E Lula pensou assim: o que me resta fazer além de cuidar para que Dilma não fale besteiras, o PT e o PMDB não se engalfinhem desde já por conta de cargos no futuro governo, e nenhuma ação aloprada possa pôr em risco a minha obra quase perfeita?

Depois de refletir, decidiu: é hora de investir nos Estados para, se possível, reduzir a oposição a pó.

Em eleições passadas, o PT e seus sócios minoritários sempre acenaram com o fantasma de uma “onda vermelha”. Ela varreria o país de uma ponta à outra.

domingo, 22 de agosto de 2010

Incrível

Renata Lo Prete

O deputado Paulo Delgado (PT-MG) enumera os "cinco milagres" da atual campanha:

1) ninguém é ficha suja;

2) todo mundo ama Lula;

3) o PSB é capitalista;

4) a direita acabou;

5) o PC do B tem dinheiro

Ligar PSDB a Lula funcionaria mais com Aécio

Do Blog de José Roberto de Toledo

Se era para tentar se camuflar como o candidato de Lula, o PSDB deveria ter escolhido Aécio Neves e não José Serra como seu presidenciável.

O ex-governador mineiro sempre foi mais próximo do atual presidente do que seu colega paulista. Seria mais fácil para ele jogar na confusão do eleitorado.

Há muito mais imagens de Aécio sorrindo ao lado de Lula e eventualmente dos dois se abraçando do que as resgatadas pela propaganda tucana e apressadamente enxertadas no horário eleitoral de Serra na quinta-feira à noite. Serra sempre fez mais oposição ao presidente do que o mineiro.

A opção do PSDB no fim do ano passado foi pelo candidato que tinha mais “recall”, ou seja, cujo nome estava mais impregnado na memória do eleitor.

O partido está descobrindo, a um custo de potenciais mais quatro anos de sombra, que “recall” não é a mesma coisa que intenção de voto.

A rigor, não se pode dizer que Serra esteja “perdendo” votos. Ele nunca os conquistou. A comparação das intenções de voto espontânea e estimulada do tucano ao longo da campanha mostra que ele só era citado por 2 em cada 3 dos seus eleitores depois que eles olhavam a cartela com os nomes dos candidatos.

O que se comprova agora é que essa maioria escolhia o nome de Serra porque era o único que lhes acendia alguma rede neural, despertava alguma reminiscência. Era uma associação da memória, não uma escolha do raciocínio ou da emoção.

O que a mais recente pesquisa Datafolha mostra é a continuidade de um movimento que começou em janeiro e, em diferentes ritmos, prossegue até agora: à medida que mais eleitores vão identificando Dilma Rousseff com Lula, eles migram para a candidata do PT e ela cresce.

Boa parte deles integrava o time do “recall” de Serra.

Segundo o Datafolha, Dilma está chegando ao teto que Lula encontrou há quatro anos, nessa fase da campanha: no nível dos 54% dos votos válidos (o então candidato à reeleição bateu em 55%) - apenas aqueles dados a candidatos e que definem se há ou não necessidade de dois turnos de votação.

Em 2006, Lula terminou o horário eleitoral menor do que começou. Acabou precisando disputar o segundo turno contra Geraldo Alckmin (PSDB). Mas, diferentemente de Dilma, ele entrou na fase da propaganda eletrônica estabilizado, não em ascensão. E ainda se desgastou com os “aloprados” na véspera da eleição.

Em 2010, ao menos até agora, quem tem cometido mais erros na fase decisiva da campanha é o PSDB, com as favelas de mentira, a crise de identidade (oposição ou situação?) e a divisão dos aliados.

Nada garante que isso não possa se inverter até 3 de outubro.

Mas a inércia é favorável a Dilma.

Crise de identidade

por Jorge Furtado em 16 de agosto de 2010

O jingle do candidato José Serra acumula as funções de tentativa de fraude e admissão de derrota.

Fraude porque mente (insistentemente) ao dizer que José Serra é o candidato da continuidade e não da oposição. O jingle mais do que sugere, afirma que Serra - subitamente transformado em Zé - é o cidadão de origem humilde que “foi a luta e venceu”, como o Lula, e por isso é o melhor candidato para o “Brasil seguir em frente”.

Nos últimos sete anos e meio, a oposição - e sua imprensa – referiu-se ao Lula como ignorante, analfabeto, bêbado, estuprador de meninos, mentiroso, ladrão e assassino. Hoje, faltando dois meses para a eleição, Lula ocupa o primeiro verso do jingle do candidato desta mesma oposição. “Era brincadeirinha, nós também adoramos o Lula! Apedeuta era elogio, quer dizer ‘fofinho’!”

Admissão de derrota porque nunca em toda a história deste país (ou de qualquer outro, que eu saiba) se ouviu um jingle de um candidato de oposição que incluísse o nome do titular do cargo ao qual este candidato faz oposição. É como se o hino do Flamengo incluísse o nome do Vasco.

O jingle da oposição investe na ignorância e/ou desatenção do eleitor, uma aposta que se tornou um padrão. Não tem dado muito certo. Depois de sete anos e meio de ataques imponderados ao presidente e ao seu governo, os demotucanos chegam à eleição com um jingle em que o refrão grita, com todas as letras, o nome de Lula da Silva, mas não o nome do seu próprio candidato, José Serra.

Quando Lula da Silva sair
É o Zé que eu quero lá
Com Zé Serra eu sei que anda
É o Zé que eu quero lá

José Serra é um brasileiro
Tão guerreiro quanto eu
É um Zé que batalhou
Estudou, foi à luta e venceu

Zé é bom e eu já conheço
Eu já sei quem ele é
Pro Brasil seguir em frente
Sai o Silva e entra o Zé

José Serra foi Ministro
Deputado e Senador
Esse Zé já foi Prefeito
Zé já foi Governador

Tá testado e aprovado
Por tudo que ele já fez
Sempre teve do meu lado
Eu quero Zé Serra dessa vez

(refrão)
Quando Lula da Silva sair
É o Zé que eu quero lá
Com Zé Serra eu sei que anda
É o Zé que eu quero lá

Quando Lula da Silva sair
É o Zé que eu quero lá
Agora é Serra Presidente do Brasil

Humoristas protestam contra entulho autoritário criado por FHC para se reeleger

Com 13 anos de atraso, humoristas protestam contra entulho autoritário criado por FHC para se reeleger

Corria o ano de 1997, FHC era presidente, surfando no populismo dos déficits fiscais e cambiais do plano real, que quebrou o Brasil no ano seguinte.

Com apoio da Globo, Veja, Estadão e Folha, planejou meticulosamente sua própria reeleição.

A emenda da reeleição foi a maior batalha e o maior escândalo, mas não foi a única para reeleger o demo-tucano.

Era preciso encurtar a campanha eleitoral na TV, para reduzir o período de exposição a críticas da oposição. Era preciso aplicar uma mordaça aos poucos dissidentes da imprensa que ousassem satirizar a imagem do "príncipe dos sociólogos". Era preciso "melar" os debates na TV.

Para isso foi criada, sob medida para reeleger FHC, a Lei 9504, de 30 de setembro de 1997, um ano antes das eleições.

Durante estes 13 anos, a lei nunca incomodou os donos de jornais e TVs e seus humoristas demo-tucanos. Eles se encarregavam de não fazer charges, nem humorismo forte contra FHC, a ponto de prejudicar sua reeleição, nem de serem multados pelo TSE.

Nas eleições de 2002 e 2006, o TSE era extremamente liberal, e os donos da imprensa puderam fazer o quiseram com a imagem de Lula, sem que o TSE e o MPE os incomodasse.

Agora a própria oposição judicializou a política. Acreditando que Serra realmente manteria a dianteira na frente das pesquisas, interessava interditar o debate político no judiciário, para fazer uma campanha silenciosa, travada.

A própria oposição submeteu o TSE aos rigores da lei 9504, processando por propaganda subliminar até a sombra do presidente Lula.

Até blogueiros, como nós, viramos alvo de perseguição, como se blogs fossem mero espaço para anunciantes.

O TSE passou a seguir a Lei 9504 com um rigor excessivo, e nela existe o artigo 45:

Art. 45. A partir de 1º de julho do ano da eleição, é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e noticiário:
...
II - usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito;
...
V - veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates políticos;

Após 13 anos da lei em vigor, só quando Dilma ultrapassou Serra, e a candidata a ser depreciada pelas charges, novelas e programas humorísticos, na forma de propaganda sublimnar negativa, é Dilma, descobriram que a lei criada para reeleger FHC "censura o humor" e "é inconstitucional".

É bom que o Congresso mude a lei eleitoral, após as eleições, para acabar com excessos e regulamentar o que se entende exatamente por "propaganda subliminar", mas é bom também que se dê nome aos bois de quem criou esse entulho autoritário, que tudo multa, e que quis exercer "controle sobre a imprensa" e sobre o humor, para sua própria reeleição: foi FHC e sua turma, incluindo José Serra, Alckmin, Jereissati, Agripino, Arthur Vigilio, Cesar Maia, e toda essa turma demo-tucana.

Humoristas famosos da Rede Globo e outros canais, só agora que Serra está atrás nas pesquisas, fizeram um protesto em frente ao Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, contra a lei.

Só erraram de endereço. Deveriam tê-lo feito em frente às sedes do PSDB, do DEMos, em frente ao apartamento de César Maia (DEMos), do vice do ex-Gabeira, da casa de José Serra (PSDB/SP), do apartamento de FHC em Higienópolis.

sábado, 21 de agosto de 2010

Programa de Propaganda de Dilma Rousseff - 21/8/2010 (à tarde)

Serra em parafuso

Serra em parafuso

Em matéria de campanha eleitoral, minha curiosidade agora se resume ao seguinte: quem é, como surgiu, quando foi inventado e por que foi escolhido o marqueteiro de José Serra.

A iniciativa de colocar Serra na garupa de Lula valeria o prêmio de maior desastre em marketing eleitoral dos últimos 20 anos. Aliás, talvez valesse puxar pela memória e fazer uma lista.

Claro que não é esse erro que fez Dilma subir. Ela subiria de qualquer modo, por representar a continuidade de um governo com índices imensos de popularidade.

Mais uma vez, recomendo a esse respeito “A Cabeça do Eleitor”, livro do sociólogo Alberto Carlos Almeida, que demonstra em grande número de casos e exemplos a probabilidade quase certa de continuísmo nas eleições quando a popularidade de um governante é alta.

Mas se uma candidatura oposicionista estava praticamente condenada, desde o início, a perder esta eleição, isso não é desculpa para a malandragem tentada no horário político de Serra.

Dizer que a Dilma está tirando os méritos de Lula, está se apropriando da obra que Lula fez, como diz o jingle serrista, só não é totalmente malandragem porque é uma imensa burrice também.

Quem queria votar em Serra porque ele é oposição a Lula se sente traído. E quem é a favor de Lula percebe na hora que Serra está mentindo ao atrelar-se ao sucesso governista.

A estratégia é desonesta com quem é da situação e com quem é da oposição.

No fundo, o erro político de Serra vem de muito antes.

Fez a campanha situacionista na sucessão de Fernando Henrique. Apoiou publicamente um governo de cuja política econômica, no íntimo, ele discordava.

Ficou como candidato de oposição ao governo Lula, discordando mais do conservadorismo de seus aliados do que das linhas distributivistas e desenvolvimentistas de Dilma e Mantega.

Nos dois casos, preferiu criticar os aliados, nos bastidores, a dizer o que de fato pensa, em público.

O Ibope é o ópio dos políticos. Quando estava com índices altos de popularidade, Serra não se expunha; fez o mesmo que todos os outros, aliás. Quando começou a cair, não tinha nenhum discurso em que se segurar, e acaba caindo dos dois lados ao mesmo tempo. Cai porque é oposição, cai porque tenta fingir que não é oposição, cai porque gostaria de não ser oposição, cai porque gostaria de ser mais oposição mas acha que com isso cairia mais ainda.

A moral da história não depende, entretanto, das atitudes pessoais de Serra. É que, contra uma candidatura de centro-esquerda, chame-se varguista, populista, corrupta ou o que quer que seja, o lugar da oposição teria de ser ocupado por uma candidatura de direita, chame-se liberal, lacerdista, udenista ou o que quer que seja.

Esta iria provavelmente perder; mas o fato é que Serra não se encaixa nesse papel. Um candidato, mesmo derrotado, que seguisse o figurino de Lacerda poderia marcar posição e crescer daqui a quatro ou oito anos. Por estranho que pareça, a propaganda com Serra e Lula lado a lado expressa uma identificação real. Para falar romanticamente, a vida os separou... E

Enquanto isso, Tiririca apóia Mercadante, Serra tem de vice o Índio da Costa, a “social-democracia brasileira” obedece aos ruralistas e quem já foi leninista ou trotskista anda de braços dados com a bancada evangélica e a família Sarney.

Avesso do avesso (Editorial)

Folha (*) bate em cachorro morto
em editorial contra o Serra

Deu na Folha de S.Paulo
Tentativa do tucano José Serra de se associar a Lula na propaganda eleitoral é mais um sinal da profunda crise vivida pela oposição

Pode até ser que a candidatura José Serra à Presidência experimente alguma oscilação estatística até o dia 3 de outubro. E fatores imprevisíveis, como se sabe, são capazes de alterar o rumo de toda eleição. Não há como negar, portanto, chances teóricas de sobrevida à postulação tucana.

Do ponto de vista político, todavia, a campanha de Serra parece ter recebido seu atestado de óbito com a divulgação da pesquisa Datafolha que mostra uma diferença acachapante a favor da petista Dilma Rousseff.

A situação já era desesperadora. Sintoma disso foi o programa do horário eleitoral que foi ao ar na quinta-feira no qual o principal candidato de oposição ao governo Lula tenta aparecer atrelado... ao próprio Lula.
Cenas de arquivo, com o atual presidente ao lado de Serra, visaram a inocular, numa candidatura em declínio nas pesquisas, um pouco da popularidade do mandatário.

Como se não bastasse Dilma Rousseff como exemplar enlatado e replicante do "pai dos pobres" petista, eis que o tucano também se lança rumo à órbita de Lula, como um novo satélite artificial; mas o que era de lata se faz, agora, em puro papelão.

Num cúmulo de parasitismo político, o jingle veiculado no horário do PSDB apropria-se da missão, de todas a mais improvável, de "defender" o presidente contra a candidata que este mesmo inventou para a sucessão. "Tira a mão do trabalho do Lula/ tá pegando mal/... Tudo que é coisa do Lula/ a Dilma diz/ é meu, é meu."

Serra, portanto, e não Dilma, é quem seria o verdadeiro lulista. A sem-cerimônia dessa apropriação extravasa os limites, reconhecidamente largos, da mistificação marqueteira.

A infeliz jogada se volta, não contra o PT, Lula, Dilma ou quaisquer dos 40 nomes envolvidos no mensalão, mas contra o próprio PSDB, e toda a trajetória que José Serra procurou construir como liderança oposicionista.

Seria injusto atribuir exclusivamente a um acúmulo de erros estratégicos a derrocada do candidato. Contra altos índices de popularidade do governo, e bons resultados da economia, o discurso oposicionista seria, de todo modo, de difícil sustentação em expressivas parcelas do eleitorado.

Mais difícil ainda, contudo, quando em vez de um político disposto a levar adiante suas próprias convicções, o que se viu foi um personagem errático, não raro evasivo, que submeteu o cronograma da oposição ao cálculo finório das conveniências pessoais, que se acomodou em índices inerciais de popularidade, que preferiu o jogo das pressões de bastidor à disputa aberta, e que agora se apresenta como "Zé", no improvável intento de redefinir sua imagem pública.

Não é do feitio deste jornal tripudiar sobre quem vê, agora, o peso dos próprios erros, e colhe o que merece. Intolerável, entretanto, é o significado mais profundo desse desesperado espasmo da campanha serrista.

Numa rudimentar tentativa de passa-moleque político, Serra desrespeitou não apenas o papel, exitoso ou não, que teria a representar na disputa presidencial. Desrespeitou os eleitores, tanto lulistas quanto serristas.

Programa Dilma Presidente - 17 de agosto - noite

Programa de TV 1 - 17/08 - Tarde

A autorregulação da mídia

Da Folha

Criação de conselho de autorregulamentação tem apoio de grupos de mídia

DO RIO

A criação do conselho de autorregulamentação dos jornais proposta pela diretoria da ANJ (Associação Nacional de Jornais) tem apoio dos principais grupos de mídia impressa do país e é considerada um modo de evitar qualquer controle externo.

O conselho de autorregulamentação terá por base código de ética do Estatuto da ANJ, segundo o diretor-presidente do grupo de comunicação RBS, Nelson Sirotsky.

Entre os compromissos das empresas jornalísticas listados no código estão a defesa da liberdade de expressão, dos direitos humanos, da democracia e da livre iniciativa, o sigilo das fontes de informação, a pluralidade de opinião e a correção de erros cometidos nas edições.

Segundo o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, as empresas que se associam à entidade -146 jornais- aderem a esse código. ""O que estamos discutindo é como torná-lo mais efetivo junto aos nossos associados, que mecanismos criar para ter uma adesão maior ao código."

Para Sirotsky, o conselho é um passo decisivo para ""sepultar qualquer outra tentativa de criação fora do nosso ambiente que possa prejudicar, violentar o exercício sagrado da nossa atividade, seja enquanto profissionais de jornalismo, seja enquanto empresas jornalísticas."

Na avaliação de Marinho, o controle externo poria em risco a atividade jornalística.

A presidente da ANJ, Judith Brito, reeleita ontem para mandato de mais dois anos, afirmou que o conselho vai examinar as demandas encaminhadas pela sociedade de práticas que estejam em desacordo com o código de ética da associação.

A ideia inicial é estabelecer sanções que possam ir de advertência até a desfiliação do jornal. Uma comissão interna está sendo montada para estruturar o modelo do conselho, que teria sete membros e participação de jornalistas e de representantes da sociedade.

O presidente da Aner (Associação Nacional de Editoras de Revistas), Roberto Muylaert, propôs que a discussão seja conduzida em conjunto pelas entidades.

A criação do conselho foi aprovada no âmbito da diretoria da ANJ, mas sua implantação terá de ser aprovada pelos associados, em assembleia. Segundo Sirotsky, o processo deve estar concluído até o final do ano.

CRÍTICAS

No debate sobre o tema ontem, no 8º Congresso Brasileiro de Jornais, o editor de opinião de "O Globo", Aluizio Maranhão, revelou preocupação ""com o imenso teor de subjetividade" da avaliação do produto jornalístico.

Para Maranhão, não é possível comparar o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, do qual é membro, com o que será criado para os jornais.

"A duvida é que entre os bons propósitos e a vida real, no exercício da autorregulação, há uma distância grande. Acho importante despertar a fera, mas talvez devamos discutir mais como fazer isso. O risco é amanhã a associação ser acusada de ser refratária às criticas. Virão as ONGs, os grupos políticos organizados. Cada demanda terá que ter uma resposta."

Sidnei Basile, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Abril e vice-presidente da Aner, declarou que é preciso "ocupar o espaço jurídico" após a queda da Lei de Imprensa. "É mais ou menos como carregar uma carga de dinamite. Dá para ser feito, mas com enorme cuidado. O risco é imenso."