Fonte: Uol Politica
Falta um mês e meio para a eleição de 3 de outubro. Dilma Rousseff (PT) está com 47% e José Serra (PSDB) está com 30% (aqui, pesquisas anteriores). A chance de o PT permanecer no Palácio do Planalto parece ser quase irreversível a esta altura. A popularidade alta de Lula, o bom estado da economia e a sensação de bem estar dos eleitores contribuem decisivamente para o êxito da candidata petista. Mas não deve ser desconsiderada a incapacidade quase atávica dos tucanos e dos democratas (ex-pefelistas) quando estão na oposição.
Em 2002 e 2006, os candidatos do PSDB ao Planalto erraram feio nas suas estratégias. Não souberam usar o foco correto. Agora, virou padrão falar sobre o infortúnio de Serra em suas duas tentativas (2002 e agora). Em 2002, era o candidato da continuidade, mas o eleitor queria mudança. Neste ano, 2010, Serra encarna a mudança, mas os eleitores parecem preferir continuidade. Essa é apenas frase de efeito. Parte de um pressuposto superficial, como se houvesse destino e predestinação na política. Seria como acreditar em horóscopo. Se esse axioma (na realidade, um sofisma) sobre Serra fosse verdadeiro, seria impossível numa democracia vencer a eleição sendo oposição quando o governo de turno vai bem por causa da economia.
É claro que quando tudo vai bem num país é natural o eleitor tender à acomodação. Basta analisar outras democracias representativas ao redor do mundo. Mas se trata de regra imutável. Nessas situações (como a brasileira), a oposição e seus candidatos só têm uma saída: partir para a emoção tentando oferecer inspiração ao eleitorado. Não há espaço para improvisações. É necessário trabalhar duro na construção do candidato e de sua proposta. Nos EUA, a campanha de Barack Obama durou 20 meses. Aqui, em fevereiro o tucano Serra ainda negava em público que seria candidato.
Foi um claro equivoco político a opção tucana de 2006, Geraldo Alckmin. Ele tinha uma imagem paulista demais para o Brasil do século 21. Alckmin é bom para ganhar eleições para o Palácio dos Bandeirantes. Mas só os tucanos parecem não ter compreendido que há muito se formou no restante do país uma certa birra com o paulicentrismo do PSDB.
Neste ano de 2010, Serra (mais um paulista...) até tateou o terreno da inspiração com o seu “o Brasil pode mais”. Mas faltou empatia entre a personagem e a população –para dizer o mínimo. Afinal, no que Serra e o PSDB (e os democratas, ex-pefelistas) se esforçaram para adaptar suas propostas aos anseios da maioria dos brasileiros neste início de século? O PSDB e o Democratas de hoje são os mesmos de 1994, quando com sucesso fizeram uma joint-venture que resultou no Plano Real e nos 8 anos de FHC no Planalto. Mas o Brasil mudou. Eles, não.
Esse é o ponto. Enquanto o PT e Dilma se esforçaram para moldar a imagem da candidata, quase eliminando a percepção de que ela era só durona e pouco política, os tucanos preferiram esperar que os eleitores se moldassem às necessidades de Serra e do PSDB. Numa democracia, o jogo a ser jogado não é esse.
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