Sebastião Ribeiro
Especial para o UOL Eleições
Em Porto Alegre
Ao optar por ir ao Rio de Janeiro hoje, em vez de comparecer ao Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, em Gramado (RS), o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, ajudou a esfriar a polêmica em torno de membros de partidos não-alinhados nacionalmente. Quem aproveitará o mesmo evento amanhã para buscar apoios no Rio Grande do Sul é a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff.
Embora o presidente regional e vice-presidente nacional do PSDB, Cláudio Diaz, afirme que a desistência de participar do Congresso tenha sido apenas “uma tomada de decisão rotineira na agenda”, sem relação com conflitos partidários no Estado, voluntária ou involuntariamente Serra deu mais tempo para que possíveis dissidentes peemedebistas possam anunciar apoio a sua candidatura.
Foi uma reunião do pré-candidato com parlamentares do PMDB gaúcho, em Porto Alegre na semana passada, que pôs lenha na fogueira eleitoral, causando reações da cúpula peemedebista, uma vez que o partido indicou nacionalmente o deputado federal paulista Michel Temer para ser vice na chapa de Dilma.
No último final de semana, o presidente regional do PMDB gaúcho, senador Pedro Simon, reuniu-se com prováveis apoiadores de Serra e condenou a realização do encontro antes da convenção nacional do partido, marcada para 12 de junho, quando os gaúchos devem defender uma natimorta candidatura própria.
Mas os líderes admitem que, depois disso, um apoio em massa do PMDB gaúcho a Dilma é virtualmente impossível, dadas as históricas divergências entre PMDB e PT no Estado. “Até a convenção do dia 12, o PMDB do Rio Grande do Sul vai unido. Mas também temos de compreender as diferenças internas no partido”, afirma o deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS).
A reunião dos deputados peemedebistas com Serra também causou reações na cúpula do PDT, que apoia Dilma, mas é aliado do candidato do PMDB ao governo gaúcho, José Fogaça. Nesta semana, o presidente licenciado do PDT e ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, pediu a Simon e à executiva regional pedetista que mantenham fidelidade a Dilma.
No PDT, também há alas com histórico de conflito com o PT gaúcho, embora em menor grau. “Quando acertamos a coligação (regional), foi acertado que o palanque de Fogaça não seria o de Serra”, afirma o presidente regional do PDT, Romildo Bolzan Jr. O partido também está atuando para aplacar possíveis dissidências. “Estamos no processo de convencimento, não de punição (de dissidentes). Na busca de disciplina partidária, de apoio a Dilma. Isso não é um processo de auto-imolação, fragilização”, completa.
O PSDB, no entanto, conta com apoiadores de Serra nas bases não apenas peemedebistas, mas também pedetistas. “Tem grupos no PDT que alegam que com a faca no pescoço não vão [apoiar Dilma]. Sei que o Lupi está tentando enquadrar, mas eles dizem que se nem o Brizola conseguiu isso, não é o Lupi que conseguirá”, afirma um dos coordenadores do comitê suprepartidário pró-Serra, deputado federal Ruy Pauletti (RS).
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