Do Blog de José Roberto de Toledo
Se era para tentar se camuflar como o candidato de Lula, o PSDB deveria ter escolhido Aécio Neves e não José Serra como seu presidenciável.
O ex-governador mineiro sempre foi mais próximo do atual presidente do que seu colega paulista. Seria mais fácil para ele jogar na confusão do eleitorado.
Há muito mais imagens de Aécio sorrindo ao lado de Lula e eventualmente dos dois se abraçando do que as resgatadas pela propaganda tucana e apressadamente enxertadas no horário eleitoral de Serra na quinta-feira à noite. Serra sempre fez mais oposição ao presidente do que o mineiro.
A opção do PSDB no fim do ano passado foi pelo candidato que tinha mais “recall”, ou seja, cujo nome estava mais impregnado na memória do eleitor.
O partido está descobrindo, a um custo de potenciais mais quatro anos de sombra, que “recall” não é a mesma coisa que intenção de voto.
A rigor, não se pode dizer que Serra esteja “perdendo” votos. Ele nunca os conquistou. A comparação das intenções de voto espontânea e estimulada do tucano ao longo da campanha mostra que ele só era citado por 2 em cada 3 dos seus eleitores depois que eles olhavam a cartela com os nomes dos candidatos.
O que se comprova agora é que essa maioria escolhia o nome de Serra porque era o único que lhes acendia alguma rede neural, despertava alguma reminiscência. Era uma associação da memória, não uma escolha do raciocínio ou da emoção.
O que a mais recente pesquisa Datafolha mostra é a continuidade de um movimento que começou em janeiro e, em diferentes ritmos, prossegue até agora: à medida que mais eleitores vão identificando Dilma Rousseff com Lula, eles migram para a candidata do PT e ela cresce.
Boa parte deles integrava o time do “recall” de Serra.
Segundo o Datafolha, Dilma está chegando ao teto que Lula encontrou há quatro anos, nessa fase da campanha: no nível dos 54% dos votos válidos (o então candidato à reeleição bateu em 55%) - apenas aqueles dados a candidatos e que definem se há ou não necessidade de dois turnos de votação.
Em 2006, Lula terminou o horário eleitoral menor do que começou. Acabou precisando disputar o segundo turno contra Geraldo Alckmin (PSDB). Mas, diferentemente de Dilma, ele entrou na fase da propaganda eletrônica estabilizado, não em ascensão. E ainda se desgastou com os “aloprados” na véspera da eleição.
Em 2010, ao menos até agora, quem tem cometido mais erros na fase decisiva da campanha é o PSDB, com as favelas de mentira, a crise de identidade (oposição ou situação?) e a divisão dos aliados.
Nada garante que isso não possa se inverter até 3 de outubro.
Mas a inércia é favorável a Dilma.
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