A tragédia que se anuncia para os tucanos no plano nacional parece ter raízes bem mais profundas do que as trapalhadas com o vice Índio e indecisões ("ser ou não ser?") de José Serra no último ano.
Também não deve ser explicada só pelas conquistas econômicas angariadas em quase oito anos de governo.
Talvez os tucanos nunca tenham estado tão próximos do povo brasileiro quanto no período da reeleição do ex-presidente FHC, em 1998.
Naquela campanha, houve momentos em que eleitores balançavam no ar notas de R$ 1,00 diante do candidato-presidente. Foi um reconhecimento autêntico ao aumento do poder de compra que o fim da inflação trouxe.
O Plano Real foi obra de FHC, mas em cima de uma base aplainada e permitida por Itamar Franco. Assim como o sucesso de Lula se dá sobre o alicerce deixado por Fernando Henrique.
Mas, além de ter sumido com FHC nesta campanha, Serra e centenas de outros candidatos tucanos parecem estar cada vez mais distantes do povo.
A favela cênica apresentada por Serra no início do programa eleitoral na TV, em agosto, representa o ápice do autismo do partido.
O quadro atual para o grupo de Serra no PSDB é terminal.
Se perder a Presidência, os conservadores "Alckmistas" poderão ficar ainda muitos anos com o espólio paulista do partido. Já o vice-governador de São Paulo poderá ser Guilherme Afif Domingos, do DEM.
Trata-se de outro partido não identificado (especialmente no Sul e Sudeste) com os que devem eleger Dilma e uma grande bancada do PT no Congresso.
Restará ainda no PSDB Aécio Neves, ex-governador de Minas e futuro presidenciável.
O mais provável, porém, é que Aécio acabe encontrando outro ninho. Em um partido mais próximo das realidades do que Serra costuma chamar de "povão".
Um exemplo prosaico de quão avoados andam os tucanos paulistas é circular pelo entorno do estádio do Pacaembu, encravado entre dois bairros nobres de São Paulo (Higienópolis e Perdizes).
O que menos se vê por ali é povo.
Mas praças e ruas em volta estão coalhadas de cartazes do PSDB.
Principalmente dos tucanos Ricardo Montoro, filho de Franco Montoro, de Bruno Covas, neto de Mário Covas (não só o Nordeste vive de oligarquias) e de José Aníbal.
No último fim de semana, jogos de Corinthians (sábado) e Palmeiras (domingo) levaram dezenas de milhares de "populares" ao Pacaembu.
Os cartazes foram devidamente retirados nesses dias.
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