Segundo o Centro de Políticas Sociais da FGV-RJ, quase 30 milhões de brasileiros ascenderam à classe C no governo Lula.
Esse pessoal tem renda familiar mensal entre R$ 1.126 e R$ 4.854. Constitui hoje o bloco com maior poder de consumo no país, à frente das classes A, B, D (já o segundo maior) e E.
Segundo a empresa de pesquisas Data Popular, cabem no bolso da classe C cerca de R$ 430 bilhões anuais em compras.
Foi graças principalmente à política de valorização do salário mínimo (alta de 53% acima da inflação sob Lula) e aos quase 15 milhões de empregos formais criados em seu governo que essa travessia para a classe C ocorreu.
Pois bem: é exatamente a classe C que está ameaçando a candidata petista Dilma Rousseff de ter de enfrentar um segundo turno.
Dilma perdeu cerca de 6 milhões de votos (entre um total de 135 milhões) nas duas últimas semanas.
O período foi pontuado por escândalos na Casa Civil, a demissão da ex-braço direito de Dilma, Erenice Guerra, e por críticas destemperadas da candidata e de Lula contra a imprensa em geral.
A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, foi a maior beneficiada por essa migração de votos. Conquistou cerca de 4 milhões de eleitores no período. Serra ganhou cerca de 2 milhões.
Mais da metade dessa "sangria" (cerca de 3,6 milhões de votos) se concentrou exatamente na parcela da população pertencente à classe C.
O mais significativo é que Dilma perdeu eleitores ou oscilou para baixo em todos os estratos da população.
Isso ocorre quando a economia brasileira está posicionada para crescer quase 8% neste ano eleitoral. E num momento em que a renda e o número de empregos formais continuam ascendentes.
A grande trincheira de Dilma continua sendo os menos favorecidos.
No Nordeste, região mais pobre do Brasil, ela tem o triplo das intenções de voto de Serra (59% contra 19%). Entre os que tem renda familiar mensal até R$ 1.020, Dilma bate Serra por 52% a 25%.
O irônico nesta reta final do primeiro turno é que é de Lula o mérito por ter colocado mais dinheiro no bolso dos brasileiros para comprar bens, televisores, estudar mais e se informar.
São eles que colocam agora sua candidata sob pressão por conta de escândalos e fanfarronices contra a mídia.
É bom que seja assim.
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