terça-feira, 14 de setembro de 2010

A eleição, vista pela mídia argentina

A proximidade das eleições no Brasil aumenta a cobertura sobre o tema nos jornais argentinos. Clarín e La Nación estão com repórteres seguindo os principais candidatos, além dos tradicionais correspondentes no país.

Em geral, a mídia tem apresentado a candidata oficialista Dilma Roussef, do PT, como virtual vencedora do pleito. José Serra, do PSDB, aparece como um candidato “desesperado”. Os outros nem aparecem.

Os dois principais veículos argentinos estão em guerra contra Cristina Kirchner, que tem a imagem de aliada de Lula, e teriam motivos para fazer uma cobertura menos favorável ao oficialismo brasileiro. Mas não.

Matéria do Clarín de domingo passado sequer nominou Dilma como candidata: “Palabra de la sucesora:“El Brasil de hoy respeta los contratos firmados”.

A chamada era para a publicação, exclusiva, de trechos do livro “Um país para 190 milhões de brasileiros”, baseado em uma conversa entre Dilma, o ex-chanceler Marco Aurélio García e o pensador Emir Sader.

Matéria de hoje, do mesmo jornal, especula sobre o futuro do presidente Lula “durante los próximos cuatro años, en los que Dilma Rousseff, su elegida, ocupará casi con certeza la presidencia.”.

Ontem, o enviado especial do Clarin, Gustavo Sierra, escreveu direto do Recife, terra de Lula, onde Dilma tem 50% das intenções de voto e o presidente alcança aprovação de 96% da população segundo a nota.

Com o título“En un bastión del presidente, la campaña es puro carnaval”, o repórter afirmou que com três semanas para a votação, o resultado está cantado.

Mesmo com as denuncias surgidas contra o governo nos últimos dias, “acá prefieren quedarse con la gran herencia de Lula de un crecimiento espectacular para este año del 7,3% de la economía, la creación de14 millones de nuevos empleos y el fantástico plan social de Bolsa Familia”.

Uma quarta matéria de Clarín publicada nos últimos dias saiu com o sugestivo título de“Chau Lula: Felicidade não tem fim”.

José Serra, do PSDB, por sua vez, aparece lutando para “salvar su carrera política”, conforme publicou dia 12 o La Nación. O texto, reprodução da Agencia Reuters, levava o título “Las últimas cartas para evitar una catástrofe”.

Segundo a nota, “dos estados y 20 días separan al candidato opositor a la presidencia de Brasil, José Serra, de un abismo político… ahora su prioridad es evitar una humillante derrota en la primera vuelta”.

Ontem, matéria assinada pelo correspondente do La Nación no Brasil, Alberto Armendariz, seguia mesma linha. Segundo o jornalista Serra contratou inclusive o guru indiano Ravi Singh, especialista em eleições digitais e que acaba de voltar de uma exitosa experiência em Colômbia,“evitar una humillante derrota”.

O jornal Página 12 tem publicado menos textos sobre o tema. A última matéria foi uma coluna escrita pelo jornalista brasileiro Eric Nepomuceno, dia 8 de setembro.

Com o título “Serra, un opositor que no se opone”, termina assim: “Serra corre el riesgo real y concreto de hundirse en las tinieblas, Dilma se ve con la posibilidad de contar con mayoría en el Congreso, y hasta que PSDB y DEM logren rejuntar las astillas de su desastre el país se seguirá preguntando cómo pudieron ser tan torpes e inhábiles, esos bichos raros de una oposición que no supo ser”.



Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo, com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha

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