sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Caso Verônica não vai impactar no eleitorado, diz especialista

Do JB Online
Fabíola Perez, Portal Terra

SÃO PAULO - "O voto entra pelo bolso, alimenta o estômago e chega ao coração". É com essa frase que o especialista em marketing político e eleitoral Gaudêncio Torquato define o caminho do voto no processo eleitoral brasileiro. Com essa mesma ideia, o consultor político defende que o candidato à presidência da República pelo PSDB, José Serra, precisa de um um "grande acontecimento" para alavancar sua campanha.

Questionado, então, sobre o impacto de denúncia de quebra de sigilo da filha do candidato, Verônica Serra, Torquato afirmou que o caso tende a não ter grande relevância para a campanha. "Eu acho que o povo não vai se incomodar muito com isso, porque não está dentro daquela equação que, na minha opinião, norteia o voto no País". Para o especialista, o caso da quebra de sigilo corrobora as posições das alas que já tomaram partido. "Isso enraivece a oposição e deixa os governistas mais cautelosos", analisou o professor, na quinta-feira (2), durante palestra sobre a Realidade Brasileira, no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo.


Torquato vê falhas da campanha tucana e aponta dois motivos para a queda de Serra nas últimas pesquisas. "Ele tem um comportamento muito centralizador e alguns aliados acham que ele é pouco acessível. Por outro lado, os aliados não estão fazendo campanha junto com Serra. Eles não querem aparecer com um candidato que está perdendo. Já o Lula é um cabo eleitoral muito forte", explica ele.

Torquato destaca, no entanto, que o maior problema do tucano é um discurso dissonante. "Ele (Serra) errou violentamente ao criticar o PT e usar a imagem do Lula. O discurso da continuidade do lulismo é o que está pegando, por conta do que eu chamo de PNBF, Produto Nacional Bruto da Felicidade, uma mistura de dinheiro no bolso, geladeira cheia, satisfação social. Se ele disser: 'eu vou mudar', ele perde mais rápido ainda", acredita.

Já em relação à presidenciável Dilma Rousseff, Torquato acredita que a petista está "usufruindo os votos de agradecimento do governo Lula" no período de campanha. Perguntado, porém, sobre a continuidade de um provável governo petista, Torquato ressalta que a ex-ministra precisará de uma boa equipe para conseguir dar identidade ao governo. "Acho que, com um certo tempo, ela conseguirá deixar uma identidade própria. O povo já está se acostumando a vê-la sempre ao lado do Lula. No Nordeste, por exemplo, ela está sendo chamada de 'Dilma do Chefe', porque a fonética é parecida".

O especialista, que falou em sua palestra sobre o passado, presente e futuro próximo da política brasileira, explicou que nessas eleições o conteúdo dos debates está "um pouco melhor que a estética", em comparação com o pleito de 2006. "Parece que os candidatos estão querendo acertar no conteúdo das mensagens", avaliou. "Vejo ainda um interesse das pessoas pelo Twitter, por exemplo. Há um envolvimento maior nessa campanha. A cada eleição que passa o eleitor ganha mais consciência", concluiu.

08:47 - 03/09/2010

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