quarta-feira, 26 de maio de 2010

TSE prejudica Dilma antes de julgar “campanha antecipada”

Fica difícil entender qual é a verdadeira estratégia da grande imprensa e de membros da Justiça Eleitoral nessa questão de que se poderá impedir a candidatura a presidente de um governo que tem a maior aprovação popular da história recente do país – e, quiçá, de toda a história. As hipóteses vão de chantagem a vontade de “melar” mesmo o pleito.

São muito estranhas essas declarações de juízes e de procuradores eleitorais talhadas exclusivamente para o PT, enquanto que se sabe que todos os candidatos, de uma forma ou de outra, ultrapassam os limites das nossas anacrônicas leis eleitorais.

Salta aos olhos o ineditismo das declarações de membros da Justiça Eleitoral, dessa mesma Justiça que acaba de aliviar para o lado do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, contra quem a acusação de crime eleitoral é muito mais grave porque envolve financiamento ilegal de campanha com recursos aparentemente escusos e doados por um sindicato patronal que tem relação direta com os negócios da prefeitura paulistana.

Uma medida como essa da Justiça Eleitoral contra uma candidata que vem disparando nas pesquisas, não consigo imaginar se materializando. Ainda mais sendo por conta de interpretação dúbia de um programa eleitoral de um partido, de que pode ter feito campanha para sua candidata a presidente…

É espantoso.

No fundo, acredito que a principal intenção dessa coalizão envolvendo mídia, membros da Justiça Eleitoral e o PSDB, o PFL e o PPS é, muito mais, a de chantagear Lula para que não diga ao povo que quer votar em seu candidato quem é esse candidato.

A impressão que se tem é a de um certo desespero, porque não poderão impedir Lula de apoiar sua candidata. É da democracia. O povo tem todo o direito de saber quem o presidente que aprova de maneira tão decidida indica para sucedê-lo. Simplesmente parecem estar sonhando com a hipótese de impedir Lula de falar ao povo que o elegeu.

É de uma burrice imensa, esse novo golpe da direita. Para o cidadão comum, fica claro que Serra está pensando em vencer o pleito no tapetão. Para os partidos, no âmbito das alianças, fica claro, também, que, ao se aliarem à campanha tucana à Presidência, estarão embarcando em uma candidatura que depende do tapetão para vingar.

Penso que a direita está se fiando em segmentos da Justiça Eleitoral, quando, em seu conjunto, parece-me arriscado achar que está toda ao lado dos conservadores e que terá coragem de violentar a vontade da população impedindo-a de ouvir seu presidente e de votar na candidata que ele indica.

Na verdade, a cada matéria que sai na imprensa estimulando esse assunto de Serra disputar a Presidência sem concorrente de verdade e contendo declarações de membros da Justiça Eleitoral que não falam pelo conjunto da instituição, vou me convencendo de que alguma coisa de muito estranha e grave está acontecendo no TSE.

As declarações da vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, e do ministro do TSE Marco Aurélio de Mello estão interferindo no processo eleitoral por antecipação, independentemente da apreciação do mérito da questão levantada pelos partidos aliados de Serra e pela mídia.

Uma pergunta que me faço: o que acontecerá se, mais adiante, essa ação contra a candidatura Dilma for levada ao TSE, for julgada e a candidata não for condenada? O prejuízo à sua candidatura que fatalmente será gerado pelas declarações da procuradora e do juiz em questão, poderá ter mudado a vontade popular de forma injusta e irreversível.

Em benefício da democracia, alguém tem que fazer alguma coisa para que esses membros da Justiça Eleitoral que estão dando declarações de cunho político-partidário sejam responsabilizados por interferência no voto popular independentemente de uma decisão final dessa Justiça sobre uma demanda que ainda nem existe oficialmente.

Eis um dos próximos objetivos que a sociedade civil deve perseguir, esclarecer se é lícito que a Justiça Eleitoral prejudique um dos lados dessa forma, antes da hora, e, ainda por cima, de forma extra-oficial, sendo que nem existe o que analisar, ainda. No que me diz respeito, passo a perseguir esse objetivo a partir de ontem.

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