domingo, 30 de maio de 2010

Blefe da Telefônica não engana ninguém



Uma executiva da Telefônica disse ontem no Rio que a entrada da Telebrás no mercado pode reduzir os investimentos do setor privado em telecomunicações. É blefe e mais uma tentativa de acuar o alcance da Telebrás, reativada pelo governo para garantir o Plano Nacional de Banda Larga.

A executiva invocou a lenga-lenga de insegurança para os investimentos, embora reconheça que não houve quebra de contrato. Pelas palavras da representante da Telefônica fica claro que as empresas privadas do setor ainda não digeriram a perda de R$ 20 bilhões por ano que faturavam com a prestação de serviços à administração pública, como já tratamos no Tijolaco.com.

A Telefônica não vai reduzir seu investimento no Brasil porque o país é seu principal mercado na América Latina e representa nada menos que 15% do faturamento do grupo espanhol. O Brasil é no momento, a principal aposta da Telefônica, que vem tentando assumir o controle integral da Vivo, que compartilha com a Portugal Telecom, para se tornar a principal operadora do país.

Em artigo publicado no dia 16 deste mês no El Pais, o presidente da Telefônica Latinoamérica, José Maria Alvarez-Pallete, escreveu que o Brasil é uma “potência do presente”, com uma classe média que já representa 45% da população e que teve um crescimento de 10 pontos percentuais em apenas cinco anos.

Esse tipo de declaração da executiva da Telefônica não engana mais ninguém. Aliás, as teles não enganam mais ninguém.

Nenhum capitalista em sã consciência deixa de investir num mercado desses por mais que tenha perdido alguma fatia dele. Depois que o governo botou a Telebrás em ação, a Oi, concorrente da Telefônica, já anunciou que vai antecipar em um ano o plano de universalização da banda larga no país .

Não fizeram e não vão fazer. Dizem que é absurdo o Estado investir dinheiro público numa área que é “tão bem” atendida pela iniciativa privada. Mas, ao mesmo tempo, dizem que para atender a todos precisam de… dinheiro público, como ilustra bem a matéria publicada na quinta feira pelo jornal gaúcho Zero Hora, com que ilustro este post.

Em matéria de cara-de-pau as teles privadas são páreo duro com seu candidato, o privatizador José Serra.

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