Temporão deixa a Saúde por seus méritos; a permanência dele não agrada a quem quer frequentar o ministério
A MAIOR RESISTÊNCIA que Dilma Rousseff está opondo às pressões partidárias, se comparada ao facilitário de Lula na formação dos dois governos, não impediu que ao final de suas escolhas se dê a ruptura com o avanço constatado por três dos atuais ministérios.
A ruptura está caracterizada na escolha de Alexandre Padilha, atual ministro de Relações Institucionais, para o Ministério da Saúde. A escolha atende não só aos critérios, sejam quais forem, de Dilma Rousseff mas também a numerosa corrente de parlamentares.
Muito explicável: na ponte que fez entre o governo e os congressistas, Padilha comprovou-se um político atento aos jogos da política e hábil para deles participar com agrado de parte a parte.
Em contraste, um dos muitos méritos de José Gomes Temporão no Ministério da Saúde foi ser, por todo o tempo e em todas as circunstâncias, apenas um médico na função de ministro. A política não entrou no Ministério da Saúde, onde jamais teve o que fazer de aproveitável. Sem hostilidades, sem negar atenção ao que pudesse merecê-la, a Saúde voltou-se só para a saúde.
Uma retomada mais duradoura, e mais difícil por falta de igual prestígio nos meios de comunicação, do período de Adib Jatene (este, interrompido porque o relevo do então ministro o credenciava à sucessão presidencial, quando os planos de Sérgio Motta e Fernando Henrique era obter o direito de reeleição).
Com o também médico Alexandre Padilha, a política volta a frequentar o Ministério da Saúde. E por melhores que possam ser as qualidades de Padilha como médico e como ministro, a inclusão da Saúde entre os instrumentos do jogo político é um fator contrário à saúde -o que explica muito da gravidade a que chegou esse problema no Brasil.
José Gomes Temporão deixa o ministério por seus méritos. O mérito da substituição é só o da clareza de que se dá porque a permanência do ministro não agrada aos que esperam frequentar o ministério.
NOS BILHÕES
As aberrações da armação financeira para a Copa no Brasil, expostas em admirável reportagem de Leandro Motta na CBN, são muito fortes. Ao Tribunal de Contas da União com seus novos propósitos preventivos, à Controladoria-Geral da União e à OAB só foi deixado um modo de não se verem cobrados, mais tarde. É agir já. Contra os abusos e as ilegalidades.
Ainda incompleto, o orçamento da Copa já está em R$ 17 bilhões. A isenção de impostos para tudo o que tenha alguma relação com a Copa do Munda -uma exigência da Fifa, como se tivesse autoridade para sobrepor-se à legislação brasileira- está estendida até a pessoas.
VENCIDOX
Derrotado na primeira instância, derrotado no recurso à segunda instância, Alexandre Machado foi agora derrotado no recurso ao Superior Tribunal de Justiça em processo que me moveu. Pretendia obter uma indenização, coerentemente, em dinheiro.
A pretensão de Alexandre Machado vem dos artigos que contribuíram para impedir a caríssima transação que trocaria o nome Petrobras para Petrobrax. Alexandrex Machadox, perdão, Alexandre Machado estava na Petrobras com Philippe Reichstull, aquele que, designado por Fernando Henrique para presidir a empresa, não segurou o espanto em público: "eu não entendo de petróleo". Nem tentou entender.
Os três a zero de minha defesa foram conquistados pelo advogado José Diogo Bastos, que assumiu a causa sem apresentar condição alguma.
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