quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O governo Lula

Maicon Tenfen

Em sua maioria, os editoriais dos grandes jornais brasileiros estão apresentando balanços positivos dos oito anos do governo Lula. Há, porém, espaço para críticas. O problema é que boa parte da oposição perde tempo com maledicências desnecessárias sobre as falhas gramaticais do presidente, sobre como ele lamenta deixar o cargo ou sobre sua influência na administração de Dilma Rousseff. Tudo isso é irrelevante, ótimo material para chargistas e humoristas, mas uma nulidade em se tratando dos reais problemas do país. Abaixo faço cinco perguntas aos simpatizantes incondicionais do governo Lula:

1) Hoje os brasileiros têm acesso a bens de consumo através de longas e suaves prestações. Isso é bom, claro, mas é preciso perguntar por que os mesmos brasileiros ainda não têm acesso à saúde, segurança e educação de qualidade. O sucesso do governo Lula não seria apenas o sucesso dos mercados? Será que o governo não se limitou ao papel de distribuidor de “vale-compras” para aquecer a economia?

2) O PAC é celebrado como um dos maiores projetos de infraestrutura de toda a história do Brasil, uma espécie de prova concreta de que agora possuímos um país forte graças à ação de um Estado forte. Se é assim, pergunto por que a duplicação de rodovias como a BR-470 não sai do papel. Ou, por outra, por que sou obrigado a pagar pedágio quando transito na BR-101?

3) Antes mesmo da descoberta do pré-sal (que sepultou toda e qualquer discussão sobre os biocombustíveis), Lula comemorou a autossuficiência petrolífera do Brasil. Se é assim, então por que temos que pagar preços tão absurdos pela gasolina e pelo diesel? Por que os trabalhadores e os estudantes precisam pagar tão caro por um passe de ônibus?

4) Graças à insistência de agentes do governo Lula junto aos comitês esportivos internacionais, breve sediaremos as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Bravo! Mas, já que perguntar não ofende, lá vai: começando pelos aeroportos, daremos conta do recado?

5) Lula chega ao fim do segundo mandato com 80% de popularidade. Isso é inédito e louvável, mas nos leva a uma pergunta crucial: por que o presidente e seu partido não aproveitaram tamanha popularidade para implementar as reformas política e tributária?

Essa eu mesmo respondo: preferiram curtir os ventos da bonança a encarar a máquina de corporativismo que é o Congresso. Dificilmente teremos uma oportunidade como essa que escapou.

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