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Merval Pereira
Uma das grandes incógnitas desta eleição, e que pode definir o vencedor, é saber se o candidato tucano, José Serra, conseguirá abrir em São Paulo e no Sul do país uma diferença que compense a vantagem que a candidata petista, Dilma Rousseff, está abrindo no Nordeste.
Até o momento, há em comum entre as diversas pesquisas a constatação de que o máximo que Serra consegue é empatar no Sudeste com Dilma, o que indica que ele não está abrindo uma vantagem capaz de colocá-lo no jogo para valer.
O hoje governador eleito Geraldo Alckmin perdeu a eleição para Lula em 2006, mas ganhou no Sudeste por uma margem de cerca de 700 mil votos, mesmo perdendo no Rio, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Ele tirou em cima de Lula uma diferença de 3,8 milhões de votos em São Paulo que permitiram ao PSDB manter a liderança da região que reúne os maiores colégios eleitorais do país.
Este ano, o PSDB elegeu também os governadores de São Paulo e Minas Gerais, mas a votação para presidente não está correspondendo à tradicional vantagem que os tucanos têm na região.
No primeiro turno, Serra estava perdendo para Dilma até em São Paulo, mas terminou vencendo por 700 mil votos. Neste segundo turno, ele está ampliando a vantagem para cerca de 1,5 milhão de votos, o que é insuficiente para dar chance a que os tucanos alimentem a esperança de uma virada na reta final.
As pesquisas refletem essa dificuldade, de maneira mais ou menos clara, e nem mesmo a redução da vantagem em Minas pode ajudar se, no maior estado do país, onde o PSDB domina a política há 16 anos, ele não mantiver a vantagem histórica sobre o PT, que já chegou a ser de 5 milhões de votos de diferença, de Fernando Henrique sobre Lula na eleição de 1998.
Na eleição de Alckmin, embora tenha ocorrido no primeiro turno, já houve uma diferença muito menor a favor dos tucanos, o que quase levou a eleição para o segundo turno contra Aloizio Mercadante, que havia perdido facilmente para Serra em 2006.
Mas, mesmo assim, Alckmin recebeu 3 milhões de votos a mais para governador do que Serra para presidente, eleitores que provavelmente escolheram Marina no primeiro turno.
O mais natural é que a identidade com o PSDB, que os levou a votar em Alckmin e não no candidato do PT, fizesse agora com que seus votos desaguassem em Serra, mas não é o que está acontecendo, pelo menos integralmente, até o momento.
Ao contrário, há pesquisas que mostram Serra perdendo terreno no Sul e no Sudeste, enquanto a diferença que Dilma abre no Nordeste só faz aumentar.
Pelas pesquisas, a candidata oficial está abrindo entre 6 milhões e 7 milhões de votos de vantagem no Nordeste, onde há lugares em que ela atinge marcas próximas de 70% dos votos.
O resultado da eleição ainda não está definido, mas os institutos de pesquisa caminham para mostrar aquela situação que chamam de "boca do jacaré abrindo", isto é, a diferença entre os candidatos aumentando gradativamente. É possível que pesquisas a serem divulgadas hoje mostrem uma diferença maior que os 12 pontos que o Datafolha detectou.
Só resta mesmo ao candidato Serra desqualificar as pesquisas, com base no exemplo recente do primeiro turno, para manter a militância animada e conseguir que seus eleitores das regiões Sul e Sudeste não desistam de votar, achando que a eleição está perdida, e partam para aproveitar o feriadão.
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