À esta altura, quando a campanha eleitoral está prestes a começar oficialmente, é inegável a solidez da candidatura à Presidência da República de Dilma Rousseff. Até há pouco tempo, muitos duvidavam de sua força eleitoral. Hoje, ninguém pensa assim.
A mais recente pesquisa de intenção de voto realizada pelo CNI-Ibope reforça tal constatação: pela primeira vez, Dilma aparece na frente do candidato de oposição, José Serra, com 40% a 35%. Os números mostram crescimento de sete pontos de Dilma em relação à pesquisa anterior do mesmo instituto; Serra cai três. Em terceiro vem Marina Silva, com 7%.
É significativo e consistente o crescimento de Dilma. Mês a mês, ela conquista espaço e apoios. Hoje, lidera também o levantamento espontâneo, com 22% de intenção de voto, contra 16% de Serra. Há três meses, ela tinha 14% contra 10% de Serra. A última pesquisa Vox Populi também traz Dilma com 40% contra 35% de Serra.
Mas há fortes razões para avaliar que Dilma tem espaço para crescer mais. Tais fatores se dividem em três grupos principais: a estrutura eleitoral que foi montada, o conjunto de propostas apresentado e as condições de execução do projeto de Brasil que a candidatura defende. Nos três grupos, Dilma possui atualmente uma situação mais favorável do que Serra.
Dilma conseguiu articular o apoio de dez partidos em torno de um plano de governo para fazer o país avançar mais. Além do PT, integram a aliança o PMDB, o PDT, o PSB, o PCdoB, o PR, o PRB, o PSC, o PTC e o PMN. A ampla coligação permite aproximar a candidatura dos mais diferentes setores da sociedade, dar palanques fortes nos 27 Estados e viabilizar um importante tempo de TV e rádio para a apresentação do programa de governo.
Ademais, a maioria do PP está com Dilma, mesmo sem apoio formal, e o PTB, que oficialmente apóia Serra, na prática está dividido, com grande parte dos deputados, senadores, prefeitos e vereadores do partido apoiando Dilma.
Do lado de Serra, a situação é a inversa. Há profunda divisão interna, desacordo sobre a montagem das alianças regionais e frágeis palanques estaduais. O Rio de Janeiro é um exemplo, com Serra se apoiando num candidato ao governo do mesmo partido que Marina. Os partidos de oposição não se entendem nem na hora de escolher o vice, revelando ao país o quanto pode ser desastroso e desarticulado uma gestão Serra. Afinal, as pessoas se perguntam: se não conseguem escolher o vice, como irão decidir os ministros?
O brasileiro está cada vez mais prestando atenção ao que representa cada candidato na disputa. E vai ficando evidente que Serra representa o passado, a gestão Fernando Henrique Cardoso, da qual foi ministro. Serra é o candidato de um projeto que não deu certo. Por isso, tem dificuldades em apresentar propostas novas. Em contrapartida, Dilma representa a continuidade de um Brasil melhor, que começou a mudar com o Governo Lula.
A pesquisa CNI-Ibope mostra isso. Hoje, 75% avaliam o Governo Lula como ótimo e bom. Além disso, a aprovação pessoal de Lula foi a 85%, e a confiança no presidente está em 81%. A maioria (49%) disse que o segundo mandato de Lula é melhor que o primeiro.
Esses números, somados com os 73% que já associam Dilma como candidata do presidente Lula, colaboram de maneira decisiva para o crescimento da ex-ministra nas pesquisas. De acordo com o levantamento, 48% dizem que vão votar em uma pessoa apoiada por Lula. Ou seja, se Dilma possui 40%, ainda há espaço para ser identificada como a candidata de Lula e crescer mais.
Em recentes entrevistas, Dilma derrubou todos os mitos inventados pela oposição a seu respeito e mostrou que é a única candidata presidencial com propostas e programa de governo, com experiência e competência. Revelou conhecimento do país, seus problemas e tem propostas para colocar o Brasil no caminho da 5ª maior economia do mundo pela via da geração de emprego, distribuição de renda e desenvolvimento sustentável.
Ela se destaca por sua personalidade e por ser excelente administradora. Como ministra da Casa Civil, tornou-se uma importante liderança política e técnica, por isso, assumiu a coordenação dos principais programas do Governo Lula —entre outros, o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), o “Minha Casa, Minha Vida”, o Luz para Todos e o Bolsa Família.
Tal capacidade se reflete na pesquisa CNI-Ibope. A rejeição a Serra cresceu de 25% para 30% entre março e junho, enquanto que Dilma baixou sua rejeição de 27% para 23%. Isso mostra que o brasileiro está comparando os dois candidatos e escolhendo Dilma, como se percebe na simulação de segundo turno: Dilma venceria Serra por 45% a 38% se as eleições fossem hoje.
Há muita coisa ainda para acontecer, principalmente a partir de agosto, quando começa o horário eleitoral na TV e no rádio. Mas em uma disputa polarizada como a que se desenha, começa a ficar claro que Dilma é uma candidata sólida e com capacidade de assumir o grande desafio que será suceder o presidente Lula. Porque é mais preparada, conhece o que tem sido feito e sabe como fazer o Brasil seguir no caminho de um futuro melhor.
José Dirceu, 64, é advogado e ex-ministro da Casa Civil
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